Quando ingressei no Seminário de Nossa Senhora da Conceição de Braga, no ano letivo 1966/67, Dom Jorge Ortiga frequentava o 4.º ano de Teologia, assumindo, nesse ano, o Presbiterado, sendo ordenado no dia 9 de julho de 1967, na Igreja de Lousado, Vila Nova de Famalicão, tendo sido a sua Missa Nova na sua terra natal de Brufe, ficando assinalada como a primeira Eucaristia concelebrada na Arquidiocese de Braga, após a renovação litúrgica do Concílio Vaticano II. Durante este seu percurso, como aluno, foi sempre muito aplicado e responsável como provam os anuários do tempo, passando pelos quadros de mérito, sendo agraciado, por exemplo, no seu último ano com os prémios de mérito moral, mérito intelectual e outro instituído em nome de D. António Bento Martins Júnior, Arcebispo de Braga (entre 1932 a 1963), sucedendo-lhe D. Francisco Maria da Silva.
Dom Jorge nasceu no dia 5 de março de 1944, na freguesia de Brufe, concelho de Vila Nova de Famalicão, Com 11 anos de idade entrou no Seminário de Nossa Senhora da Conceição, passando, posteriormente, pelos Seminários de S. Tiago e Conciliar. Logo a seguir à ordenação foi estudar para Roma, concluindo o curso de História Eclesiástica, em 10 de outubro de 1970, na Universidade Gregoriana. No ano letivo seguinte ainda tirou o curso, em Roma, “Espiritualidade Sacerdotal” orientado pelo Instituto Mystici Corporis.
Nunca é demais recordar alguns, como homenagem a estes saudosos e competentes professores, os superiores do Seminário Conciliar, no tempo do nosso anterior Arcebispo de Braga, que recordo com muita saudade pelo seu prestígio como excelentes educadores:
- Direção do Seminário - Reitor Mons. Cónego de Castro Mouta Reis, natural da minha vizinha freguesia de Coucieiro, Vila Verde; Vice-Reitor e Prefeito de Estudos – Cónego Dr. Álvaro Dias; Diretor Espiritual de Teologia – Dr. Agostinho Ferraz S. J; Diretor Espiritual do 5.º ano (na altura era ministrado neste Seminário) – Pe. Adriano Marques Teixeira; Secretário – Pe. António Cachadinha Alves; Ecónomo – Pe. Manuel Vaz Coutinho e Vice-Ecónomo – Pe. António de Carvalho Mariz;
Prefeitos – Pe. António Cachadinha Alves; Pe. Joaquim Morais da Costa, Pe. José Marques, Pe. Joaquim Moisés Ribeiro Quinteiro;
Professores – Teologia Moral e Oratória– Deão Dr. José Martins Gonçalves; Teologia Dogmática e Patrologia – Cónego Dr. António Gonçalves Molho de Faria; Direito Canónico – Cónego Dr. José António Martins Gigante; Teologia Fundamental e Urbanidade – Dr. Álvaro Dias; Liturgia – Cónego Manuel Rodrigues Azevedo; Teologia Moral – Dr Alexandrino dos Santos; Exegese e explicação dos Salmos – Dr. Adão Salgado Vaz de Faria; História Eclesiástica, Arqueologia e Missionologia – Dr. José Carvalho Arieiro; Canto Gregoriano, Polifonia Piano e Harmónio – Dr. Manuel Ferreira de Faria; Introdução Bíblica, Hebraico e Grego Bíblico – Dr. António Ferreira Rodrigues; Teologia Espiritual – Dr Agostinho Ferraz, SJ; Direito Canónico – Dr. António da Silva Marques; Dogmática – Dr. Francisco Carvalho Correia; Teologia e Medicina Pastoral – Dr. Fernando Carvalho Rodrigues; Ação Católica – Pe. Eduardo Melo Peixoto e Pedagogia Catequística - Pe. Miguel Ângelo Pinheiro Gomes.
Passou por inúmeros cargos que toda a gente sabe ou pode saber nos diversos escritos que há sobre ele, incluindo um livro “Dom Jorge Ortiga” Semeador da Alegria e da Unidade,” em que o autor, Dr. Ricardo Perna, em determinado parágrafo diz: «… é tão defensor da unidade que muitos o criticam por querer acolher mesmo aqueles que não gostam dele. Tudo porque acredita que é no consenso que está o crescimento…» É verdade que ser confiante e acreditar nas pessoas é bom, mas, por vezes, devemos estar alerta, porque o que vemos, a nível do país e do mundo, infelizmente, obriga a isso.
Um dos cargos foi a sua nomeação, em outubro de 1973, por Dom Francisco Maria da Silva, Reitor da Igreja dos Congregados e Capelão da Irmandade da Senhora das Dores e de Santa Ana. Foi aqui que conheci verdadeiramente o Dom Jorge, pois pertencia ao grupo coral que solenizava a Missa dominical das 11 horas. Era um excelente orador, simples, cativador, muito próximo da juventude. Eu, na altura, tinha 18 anos e nunca mais deixei de o admirar. Falava-se, já, nas suas excelentes qualidades para ser Bispo, o que aconteceu pela sua competência e perfil para o cargo que todos nós antevíamos nas conversas que íamos tendo no dia a dia. (Continua na próxima crónica).