No rescaldo das últimas eleições europeias, a abstenção, a besta negra do costume, voltou a aparecer em grande. Vai-se constituindo como um hábito não ligar nenhuma, ou ligar poucochinho, a estas eleições como se fosse uma filha espúria da democracia. Não será nada fácil mudar este pensamento porque, nas eleições europeias, ninguém sabe em quê ou em quem está a votar. Bruxelas é um deus distante que passa ao lado dos interesses individuais. Por isso, vota-se nas europeias como se vota nas nacionais. O clima é este por falta de esclarecimento sobre o parlamento europeu, suas competências, suas estruturas intermédias, etc. etc. daí que a extrapolação de uma para a outra se torna legítima porque uma e outra se fundem no mesmo pensamento dos votantes. Se esta transposição de relação não fosse feita, o voto nas europeias era uma mentira e um logro inconcebível. Sim, não teria Emmanuel Macron razão para marcar eleições antecipadas em França. Assim se justifica que, cá entre nós, se tivessem debatidos problemas nacionais e raramente se tivesse falado da EU. Poucos sabem como funciona a EU, em Bruxelas ou Estrasburgo. Sabe-se que tem dinheiro para tudo! É um banco sem fundo e de muitos fundos. Por culpa própria pouco ou nada se sabe, porque a NET diz muita coisa sobre isto e também por culpa dos deputados portugueses europeus que nunca fazem esclarecimentos , debates ou reuniões de interessados sobre a importância das estruturas europeias e seus reflexos para Portugal. O que os portugueses sabem é que somos beneficiários líquidos dos dinheiros de Bruxelas, quando contribuem, por exemplo, para a construção de auto estradas, habitação, ferrovia, aeroporto, mas poucos sabem que vamos começar a ser contribuintes, isto é, dar dinheirinho para Bruxelas. Porquê? Para quem vai esse dinheiro? Quanto será a nossa quota de contribuição? Não lhes parece que deveriam ser estes assuntos, entre outros como a saúde, segurança, educação, etc. etc, que deveriam ser debatidos nas campanhas eleitorais europeias? António Costa está bem posicionado para ser o quê? Que importância para o país tem a sua nomeação? Só colhe satisfação quem quer ser promovido a galo. Quem sabe dizer o que aqui se pergunta? Ignorância generalizada. E o eco desta ignorância reproduz-se na montanha da indiferença como voz que não tem sentido de ecoar. E quando o eco se não faz, é porque a montanha está distante. E o que acontece longe não ecoa na soleira da minha casa.