Não pretendo abordar o calor com as consequências que geralmente incluem incêndios e falta de água, muito menos saber se já foram atempadamente desenvolvidas ações de prevenção, embora reconheça muito se tem falado sobre esta questão,o que parece sugerir que a questão foi devidamente ponderada.
Uma questão preocupante vai ser a solução encontrada ou não, para dar resposta aos muitos cidadãos que acreditaram nas promessas em tempo de campanha eleitoral e que o senhor Primeiro Ministro garante vai cumprir. Não vamos abordar as diferenças entre horários de trabalho na função pública entre 35h ou 40h ou mesmo mais horas,de que resultam diversas formas de desigualdades entre cidadãos no setor público, muito menos a forma como o governo tenta solucionar "faltas de pessoal" nomeadamente através de tratamentos desiguais também no que concerne a trabalho suplementar.
Na verdade, permitam refira uma frase apenas de Rawls, quando diz "as nossas sociedades estão muito longe da visão de uma sociedade verdadeiramente justa. Fica a pergunta, como mudar as principais instituições políticas e económicas para as tornar uma realidade?" Sejamos ao menos razoáveis na análise sem preconceitos de esquerda ou direita.
Desenvolvemos políticas salariais para que o salário mínimo aumentasse anualmente de forma a permitir melhores condições de vida, mas ao mesmo tempo, permitimos o desaparecimento da classe média igualando ou aproximando vencimentos. No setor das instituições sociais impusemos às IPSS e outras instituições de solidariedade, um conjunto de regras, um enquadramento profissional, sem cuidar de avaliar consequências, de tal forma que, grande parte das instituições têm problemas de sustentabilidade e muitas foram (ao que se diz) mesmo obrigadas a encerrar.
Parece importante referir a importância destas instituições que desempenham sem fins lucrativos, tarefas que são incumbências do Estado.O curioso é que, os contratos celebrados obrigam depois estas instituições a cumprir normas e obrigações vinculativas, atendendo ao contexto social e económico de vinculação a acordos da CNIS.
É tempo de o governo verificar apenas as diferenças entre orçamentos anuais das instituições nos últimos anos e os efeitos resultantes do aumento dos salários no mesmo período. A pergunta fica para quem quiser responder. Será que vamos mesmo desenvolver políticas para tornar as IPSS insustentáveis economicamente? Afinal que proteção social vamos dar aos idosos, às crianças e às famílias?