Somos o oitavo país do mundo e o primeiro da União Europeia com mais emigrantes; e esta fuga de portugueses do seu próprio país é de uma crueza sociológica deprimente, pois na realidade cerca de 26% dessas pessoas, nascidas em Portugal, foram para o estrangeiro e esta saída, a não ser compensada com a vinda de cérebros imigrantes leva o país ao charco.
Pois bem, em termos demográficos, o nosso país defronta-se atualmente com esta insólita dicotomia: emigram milhares de portugueses e, ao mesmo tempo, imigram milhares de estrangeiros; e, assim, de país que, ao longo dos tempos sempre temos sido de emigração, inesperadamente, transformamo-nos num país de acolhimento de muitas raças e culturas.
E se grande parte desta imigração vem à procura de trabalho e, consequentemente de uma vida melhor, há igualmente outra parte que se dedica ao investimento, à criação de empresas e, até, à fixação de residência e opção por dupla nacionalidade; e esta realidade faz com que caminhemos para um caldo de línguas, usos, costumes e culturas numa plena simbiose que nos aponta um futuro de multiculturalismo e de cosmopolitismo.
Todavia, esta situação emigrantes versus imigrantes tem o seu inevitável reverso na diminuição ou mesmo na perda da nossa identidade e idiossincrasia; e, ao perdemos a nossa juventude mais culturalmente qualificada e, seguramente, mais academicamente habilitada, dificilmente recuperamos esta perda mesmo com a plena integração da massa imigrante.
Depois, sendo o perfil demográfico português demasiado desequilibrado, isto é, conforme aumenta a longevidade, vai diminuindo a natalidade, a imigração que na sua maioria chega ao nosso país em idade fértil, vai colmatando a falta de nascimentos e também compensando a falta de mulheres portuguesas que querem cada vez menos ter poucos ou nenhuns filhos; e há ainda a ter em conta a emigração de muitas mulheres portuguesas que, deste modo, deixam de ter filhos no seu país de origem.
Segundo estudos e estatísticas recentes, somos o quarto país do mundo e o terceiro da Europa mais envelhecido e, nos próximos trinta anos, a população portuguesa tende a vir a baixar para sete a oito milhões e para o que concorre a média muito baixa de nascimentos (1,35 filhos por mulher em Portugal); e, mais grave ainda, as previsões alertam para o perigo de extinção da raça portuguesa, lá para os finais do século e para o que contribui claramente o avanço inevitável da emancipação da mulher, do retardar da sua entrada na vida adulta independente, do aumento do nível de instrução, da falta do desejo e da oportunidade de ter filhos e, quando muito, ter apenas um, e a terciarização da economia.
Sabemos que há uma imensa falta de pessoas para trabalhar nas limpezas, na distribuição, em serviços noturnos, na construção civil, na restauração ou na hotelaria; e, por isso, é de extrema importância que exista quem esteja disponível para fazer o que os naturais não querem ou não existem para o fazer.
Agora, se queremos resolver este grave problema nacional não podemos falhar na integração e proteção dos imigrantes; como, igualmente, temos de garantir a segurança de pessoas e bens que pode ser ameaçada com esta invasão de pessoas vindas de fora.
A nossa História sempre nos mostrou que somos um país de emigração e, então, com a adesão à União Europeia, este fenómeno tende cada vez mais a aumentar; porém, ato contínuo, a imigração ganha força e, deste modo, o equilíbrio entre emigração e imigração tem de acontecer inevitavelmente.
Pois bem, se esta é a insofismável verdade, os governantes, partidos políticos, empresários e sociedade em geral têm de ter em conta esta nua e crua realidade; e, como tal, tomar as medidas necessárias à plena integração, convivência e manutenção bem-sucedida desta população imigrante tão importante para o desenvolvimento do progresso, da economia, da segurança, do bem-estar e do futuro nacional.
Então, até de hoje a oito.