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O «ponto S» da Igreja e do mundo

 


 

 


 

A Igreja tem, desde sempre, um rosto sinodal. Ao pertencer a Cristo, cada cristão pertence também a todos os que a Cristo pertencem.

O Baptismo é, por isso, o momento instaurador da sinodalidade.



 

Ao ser baptizado em Cristo, o novo cristão é acolhido pelos outros cristãos, com quem vai caminhar rumo à eternidade.

Ao fazer parte do novo Corpo de Cristo, cada cristão está vinculado aos outros cristãos. Não é aceitável, por isso, qualquer individualismo eclesial. 



 

Só é possível pertencer à Igreja com os outros, escutando os outros e estendendo a mão aos outros. 

Por conseguinte, é vital ir ao encontro de todos, assegurando-lhes que a sua presença é desejada e imprescindível. 



 

É em conjunto que celebramos a Eucaristia, abraçamos a missão e promovemos a fraternidade. Não de uma maneira intermitente, mas de uma forma permanente.

Como já reconheceu Santo Ireneu de Lyon, a Igreja espalhada por todo o mundo forma «como que uma única família, guardando a mesma fé com um só coração e uma só alma, como se tivesse uma só boca».



 

Ao ser «vínculo de amor» (Santo Agostinho) entre o Pai e o Filho, o Espírito Santo é o promotor da unidade entre os discípulos de Cristo.

É por isso que o primeiro «ponto S» («ponto Sinodal) da Igreja é a escuta d’Aquele que fala em nós de forma inexprimível: precisamente o Espírito Santo (cf. Rom 8, 26).



 

Não espanta, assim, que tenha sido na escuta comunitária do Espírito que se desencadeou a grande gesta missionária da Igreja (cf. Act 13, 1-2).

Neste sentido, a sinodalidade não é de carácter burocrático ou logístico. É, antes de mais, de índole acolhedora, solícita. 



 

É a oração dos irmãos que vitaliza a sinodalidade. Todos se sentem unidos — e mutuamente vinculados — na escuta do Espírito Santo.

O que parecia bem aos primeiros cristãos era apresentado como tendo parecido bem ao Espírito Santo (cf. Act 15, 28).



 

Neste quadro, a Igreja até pode despontar como a instauradora de uma «humanidade sinodal», onde se escute e vá ao encontro.

Numa existência sinodal, ninguém se sentirá ausente, esquecido ou subalternizado.



 

A sinodalidade pode ser a bela fisionomia de uma humanidade agregadora, pacífica e pacificante, «sem vencedores nem vencidos».

Se aprendermos a acolher o outro que está em nós, perceberemos que qualquer agressão é uma automutilação.



 

Há muita beleza numa sinodalidade espiritual e imensas surpresas podem surgir a partir de uma espiritualidade sinodal.

Ainda é possível baixar o tom de voz e fazer cair todas as armas. O paraíso não ficou arrumado nos começos. Continua à espera de habitantes. Para já. Para sempre!


 


 


 


 

João António Pinheiro Teixeira

João António Pinheiro Teixeira

9 junho 2024