Não é a primeira vez que o tema das eleições europeias é aqui tratado. É provável que haja bastante gente, como aliás o referem os diversos dados sobre as abstenções em actos eleitorais anteriores, que aproveite este domingo para ignorar completamente estas votações, ocupando esse dia com um repousante passeio, ou com um prolongado sono reconfortante, já que a sua vida laboral quotidiana é um sorvedoiro de forças e requer tempos generosos de repouso pacificantes e completamente afastados das ocupações que esgotam a sua energia.
Tudo isto é verdade, mas não deixa de ser lamentável que o desinteresse e o abstencionismo sejam a forma dos cidadãos demonstrarem que haver ou não haver eleições significa para eles o mesmo: nada fazer, desleixando a sua preocupação de ser um membro activo da sociedade em que vive.
Provavelmente, embora já tenha passado meio século, as eleições que se realizavam no solo lusitano antes do 25 de Abril, tenham deformado a mente de muitos portugueses, porque, independentemente da quantidade de votos vitoriosos que sempre se apresentavam ao público, a verdade é que ninguém de bom senso acreditava na sanidade dos números que se ofereciam à sua consideração.
Mas essa é, infelizmente, uma nódoa que a história de Portugal deve lembrar, a fim de que os nossos cidadãos não queiram mais viver situações como as desses tempos.
O 25 de Abril pode apresentar aspectos menos agradáveis ou credíveis. Mas o que estabeleceu entre nós foi um regime eleitoral livre, onde os portugueses, sem receio de qualquer repressão, podem manifestar, desde o cidadão mais importante ao que ninguém conhece ou dele fala, o seu parecer sobre a orientação dos destinos do nosso país em igual pé de igualdade.
Daí a importância de se votar nos dias em que são marcados para esse efeito.
De todo o tipo de eleições, a mais desprezada pelos abstencionistas, é, exactamente, a que escolhe os nossos representantes para o Parlamento Europeu, que tem lugar no dia 9 do corrente mês, domingo.
Não votar é ignorar a situação complexa e difícil que actualmente se vive no continente europeu. A ameaça russa é uma realidade que não pode pôr-se de lado, como se fosse apenas uma forma de sensacionalismo dos meios de comunicação social, que sempre procuram um tema chamativo para informar e captar adeptos, sejam leitores, ouvintes ou telespectadores.
A Europa, certamente auxiliada pelos seus países amigos, deve tomar consciência dos perigos reais que existem e que em qualquer circunstância que atice os actuais dirigentes russos, manobrados por um ditador, Putin, pode extrapolar-se a dimensões muito mais graves. Por isso, necessita de estar alerta e de não deixar de manifestar a sua convicção de que a existência da União Europeia e da NATO são um verdadeiro defensor da liberdade dos povos das diferentes nações que as compõem.
Oxalá que no dia 9 de Junho os abstencionistas não sejam, mais uma vez, os clássicos vencedores furtivos com o seu desinteresse e a sua preguiça por cumprirem um dever de cidadania tão importante.