1 - Isto de eu, um dia, ter de defender o dr. Aguiar Branco…). Meu contemporâneo na Univ. de Coimbra, o dr. Aguiar Branco tem sido sempre por mim visto como alguém bastante egocêntrico, distante e secretivo, embora muito inteligente e às vezes bem humorado. Por certas posições políticas (e associações pessoais) que no passado ele tem protagonizado, eu nunca me imaginei no papel de o defender em algum episódio específico da sua já longa carreira (especialmente agora, aliás, em que ele se alcandorou em “2.ª figura do Estado”). Porém, dado o absurdo da situação em causa: a de o deputado Ventura ter exprimido a sua própria opinião; de que um turco típico não seria o trabalhador mais diligente do Planeta. E tal opinião ter suscitado de alguns sectores da Esquerda, um farisaico coro de exageradíssima indignação. A qual aliás se dirigiu, depois e sobretudo, contra o dr. Branco. O qual, esses sectores de Esquerda acharam que deveria, eu sei lá, ter impedido a continuação da intervenção (no mínimo…). Desse modo, convém dar razão ao dr. Branco, que bem decretou que a voz de cada deputado é livre. E que só o Povo, nas urnas, tem direito de o silenciar, substituindo-o.
2 - O Império Turco). Quando lhes interessa, os turcos são trabalhadores, comerciantes e militares, muito empenhados e diligentes. A História demonstra até, que ainda são melhores a obrigar os outros a obedecer-lhes e a trabalhar para eles… Recordemos os “menos informados” que o antigo império turco (entre o séc. XIV e o final da Guerra de 1914-18) foi conquistando a maior parte dos Bálcans, o sul do Cáucaso, o Iraque, Síria, Palestina, Egipto, Tunísia, Ucrânia ocidental, Grécia, Hungria… E que ficou famoso pelos seus haréns e pela crueldade para com os inimigos. Em 1683, quase conquistava Viena.
3 - Coimbra). Na Fac. de Direito, confesso que estudei mais do que convivi, uma vez que as solicitações sociais sempre impediram a minha concentração. Quem de início me arranjou por lá quarto, foi o dr. Chaves e Castro (amigo de minha mãe e dos meus avós maternos), pai do dr. Carlos Encarnação, do PSD. Contudo, eu não era do ano do dr. Aguiar Branco e só o conheci (e pouco) no fim do curso. Ironicamente, quem o conhecia bem (sobretudo ao seu pai, ilustre advogado portuense) era o juiz conselheiro Calejo, um natural de Mogadouro que era casado com a d.ª Isabel Maria, senhora da quinta de Cidacos (OAZ), directora do rancho folclórico local e prima da minha bisavó.
4 - Uma acção de despejo, em Gaia). O dr. Branco aceitou mais tarde ser advogado dos meus supracitados avós numa acção de cessação de um arrendamento comercial, com fundamento no completo fim da actividade (que já durava há anos). Mostrou competência, mas a chave da decisão veio até da minha lavra: sugeri ao dr. Branco que instasse a principal (falsa) testemunha da contra-parte a descrever certa pessoa (a minha avó), que ele dizia conhecer tão bem; e ele pôs-se a descrever… a minha mãe. O juiz logo percebeu quem tinha razão. À saída do tribunal, a testemunha invectivou-me a mim e ao dr. Branco; mas este, com toda a calma dizia: “não ligue, é o costume, ganhámos”. Foi por essa altura que o dr. Branco me ofereceu um opúsculo ilustrado, que documentava a sua ida a Praga (por 91), numa jovem delegação que foi saudar Vaclav Havel, o novo pres. democrata do país. Curiosamente um poeta; e tão judeu como o retrato de Moisés, bem visível no escritório do dr. Branco.
5 - As bodas de ouro do juíz Calejo, em Oliveira de Azeméis). O ainda jovem dr. Branco esteve presente na brilhante festa que o bom do juiz Calejo (a quem eu tanto devo) deu, na citada quinta de sua esposa, poucos anos depois. Com uma corte de amigos e amigas, o dr. Branco não estava, nessa tarde, muito acessível. Lá arranjei maneira de lhe entregar fotocópias dos meus primeiros artigos no JN (em retribuição do livro da ida a Praga). Ele mostrou-se algo distante, mas ninguém se zangou.
6 - A 2.ª invasão do Iraque, em 2003). Grande amigo de Durão Barroso, o dr. Branco foi um dos muitos políticos que apoiaram a injusta, sangrenta e descabida invasão do Iraque por Bush (filho), o qual aliás era judeu pela parte da mãe, Barbara Bush. Recordo aqui que Trump não apoiou (e Biden, sim).
7 - Uma ETAR, no Porto). Ela já lá está, há bem mais de 20 anos, “gentileza” do dr. Fernando Gomes, um dos fieis de Pinto da Costa. E tem funcionado mal. Por o dr. Branco ser bom amigo do actual autarca, Rui Moreira, recorri à sua ajuda há anos, para me arranjar uma audiência pessoal com Rui Moreira (que é filho do notável industrial dos colchões, ao qual aliás a minha citada bisavó vendeu o terreno, em S. João da Madeira, para a 1.ª fabrica). Apesar das estreitas relações, o melhor que ele conseguiu foi fazer chegar uma carta minha (nunca respondida), expondo a situação, à mesa de Rui Moreira.