twitter

Vacinação: Pilar na Saúde Pública

A saúde pública é um pilar fundamental para qualquer sociedade próspera.

Investir na saúde pública é, portanto, investir no bem-estar coletivo e na sustentabilidade de um país, criando condições onde o potencial humano pode ser plenamente realizado.

Uma outra evidência, incontestável, é de que a prevenção é sempre preferível ao tratamento, princípio simples e intuitivo, mas que não raras vezes é ignorado nas políticas públicas de saúde.

Estas constatações vêm a propósito da publicação de um recente estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, no âmbito do projeto +Longevidade que concluiu que o reforço do calendário de vacinação na população adulta com a inclusão de um conjunto adicional de vacinas no Plano Nacional de Vacinação (PNV) evitaria um número significativo de situações de doença, com todas as consequências (e poupanças) que daí decorrem.

No presente PNV, apenas três das doze vacinas são dirigidas a adultos, um número diminuto face às necessidades e realidades de saúde contemporâneas. Doenças como o Herpes Zóster, o Papilomavírus Humano (HPV) e várias patologias respiratórias causadas por vírus seriam evitáveis através da vacinação. Contudo, muitos adultos permanecem ainda vulneráveis, não por falta de opção, mas pela ausência de políticas mais abrangentes que priorizem a prevenção ao longo de toda a vida.

No âmbito do referido estudo, não subestimável, são ainda assinalados os benefícios económicos da vacinação em adultos, estimando-se uma poupança nos cofres do Estado de mais de 245 milhões de euros por ano. Porém, a aquisição de vacinas, continua a ser percecionada como uma despesa, quando deveria ser reclassificada como um investimento. Cada euro gasto em vacinação representa múltiplos euros poupados em tratamentos médicos, hospitalizações e perda de produtividade laboral. A matemática é clara: prevenir é mais barato do que remediar.

Expandir o PNV para incluir vacinas adicionais para adultos é, portanto, um passo lógico e necessário.

Este é um argumento incontestável, mas que vai além da mera aritmética financeira, tocando nas esferas da saúde pública, bem-estar social e responsabilidade governamental.

Além das evidências económicas, há também uma dimensão humana e social que não pode ser esquecida. A vacinação não apenas protege o indivíduo, mas também fortalece a imunidade de grupo, reduzindo a circulação de agentes patogénicos na comunidade. Assim, protege os mais vulneráveis: idosos, imunocomprometidos e aqueles que, por razões médicas, não podem ser vacinados. É um ato de responsabilidade coletiva e solidariedade social.

A resistência a esta expansão pode residir em preocupações orçamentais de curto prazo ou em inércias administrativas. Contudo, ignorar o custo a longo prazo de doenças evitáveis constitui uma miopia grosseira que sairá cara. A pandemia de COVID-19 mostrou-nos, de forma dolorosa e inelutável, a importância da preparação e da prevenção. Este é o momento de agir, aprendendo com os erros do passado e construindo um futuro mais resiliente.

Um Estado que investe na saúde dos seus cidadãos está a investir no seu próprio futuro. A vacinação de adultos não deve ser vista como uma simples adição ao plano de saúde, mas sim como uma prioridade estratégica de desenvolvimento nacional. Os referido 245 milhões de euros que poderiam ser poupados são apenas a ponta do icebergue de um benefício muito mais vasto e profundo, que se reflete numa população mais saudável, numa economia mais robusta e numa sociedade mais justa e solidária.

Assim, urge a reavaliar do PNV, alargando-o de forma a incluir um maior número de vacinas para adultos. É uma questão de visão, de compromisso com a saúde pública e de inteligência económica. A vacinação é, sem dúvida, um dos investimentos mais seguros e rentáveis que podemos fazer para garantir um futuro saudável e sustentável.

Mário Peixoto

Mário Peixoto

1 junho 2024