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Uma nova etapa, a mesma vontade

 

 



 

A homenagem da sociedade civil ao cidadão, professor Jorge Miranda marca uma nova etapa na atividade da Comissão de Homenagem aos Democratas do distrito de Braga: evocar os nomes dos que se envolveram, como construtores da Liberdade, na criação de um Estado de Direito no pós 25 de Abril. Fazendo jus ao lema “Memória e Liberdade” e não deixando de continuar a honrar as mulheres e homens que lutaram contra o Estado Novo, importava abrir uma linha temporal para saudar os membros das comissões administrativas responsáveis pela transição pacifica do poder local até às primeiras eleições autárquicas em 1976 e os candidatos e eleitos à Assembleia constituinte em 1975. Teremos assim, pela frente, mais dois anos de atividade da Comissão que se saúda e é reveladora da dinâmica instalada no distrito de Braga. Como construtor da Liberdade, sendo um dos redatores da Constituição, Jorge Miranda uniu a cidade em torno de uma homenagem que lhe era devida há muito tempo pela cidade. A adesão da Câmara Municipal de Braga e da Universidade do Minho foi natural, por um lado e essencial por outro, ao sucesso que foi a cerimónia de homenagem ocorrida, primeiro na Avenida Central, junto da casa onde nasceu, no nÚmero 123, e de seguida no Salão Medieval, no largo do Paço, onde o coro Allegrus, foi uma boa surpresa, emprestando à cerimónia, um momento sublime. Organizar esta homenagem, parecendo fácil, envolveu muita gente que merece um agradecimento, desde logo, os membros da comissão criada exclusivamente para este efeito: o reitor honorário da Universidade do Minho, professor Sérgio Machado dos Santos, professor Wladimir Brito, professor António Cândido Oliveira, Professor Pedro Bacelar Vasconcelos e professor Luís Gonçalves, todos ligados, tal como o homenageado, à criação, primeiro do curso e, posteriormente, à criação da Escola de Direito. A este grupo devem-se juntar os nomes do reitor, Professor Vieira de Castro, da vice-reitora, Joana Aguiar e Silva e respetiva equipa de apoio, da Dr Ana Ferreira, do gabinete da presidência da Câmara Municipal de Braga e da vereadora, Olga Pereira, do Dr Manuel Barros, da Dr Maria Manuel Marques e do militar de Abril, Alferes Carlos Amado. Não é fácil evocar um percurso de vida como o de Jorge Miranda cheio e tão marcante para a nossa vida coletiva. Se a nossa Democracia lhe deve muito pelo que fez, o seu exemplo, no exercício de uma cidadania política ativa, continua a ser inspirador para a mobilização de todas e de todos. Em plena sociedade instantânea, vivemos uma emergência que deve ser encarada como um desafio permanente: a de estarmos confrontados com o ataque mais feroz e perigoso à Democracia, a valores e princípios que pensávamos ser inquestionáveis. Braga e o distrito não esquecem o sacrifício nem a habilidade inteligente que colocou ao serviço do país, num momento de debilidade política. 

Podemos afirmar, com toda a convicção, que lhe cabem três atributos: a paciência, a persistência e a resistência. Quem o acompanhou, quem conhece o seu pensamento político, reconhece que sem essas características, seria ainda mais difícil construir e consolidar o Estado de Direito.

Com a Paciência como arma soube dialogar e criar as pontes necessárias à concertação sobre o articulado constitucional, ensinou gerações com a sapiência necessária, e tornou-se uma referência do nosso estado de direito.

Com a Persistência, demonstrou a tenacidade necessária e a convicção de qual era o caminho, não vacilando no cumprimento dos objetivos.

Com a Resistência, evidenciou ter espinha dorsal, quanto baste, para não ceder a qualquer osmose do processo democrático em curso. Estas são características de um vencedor. Atributos que lhe permitiram uma vasta participação em diferentes dimensões na vida do país que não poderiam passar em claro à cidade que o viu nascer. Bem-haja, professor Jorge Miranda, um dos nomes da nossa Democracia que ficará eternamente ligado a Braga. Fica a promessa pública em resposta ao seu repto de que evocaremos em breve a figura de Humberto Delgado e as circunstâncias que rodearam a sua candidatura em 1958. 



 



 



 

Paulo Sousa

Paulo Sousa

26 maio 2024