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Ponto por ponto

 


 

 


 

Luís Montenegro tem um mês e alguns dias de governação. Sem ser uma surpresa surpreendente (passe o pleonasmo), o primeiro-ministro, apesar da escassa maioria, tem demonstrado muita estaleca e uma grande capacidade de resistência para aguentar as medidas “acordadas” na coligação negativa que, entretanto, se formara no Parlamento. O PS e Chega estão bem juntos. E para complicar. E estão a complicar com uma intenção nítida: destruir. Isto é mesmo a realidade. De um e de outro tudo se pode esperar. O país, neste momento, precisava de muita responsabilidade. E serenidade. Quem ganha as eleições deveria ter condições para governar e não estar sujeitas a este jogo “tu ganhaste nas urnas, mas quem manda somos nós”.


 

1 - A agitação e o ruído da coligação negativa vão se manter. Isso é certo por razões muito semelhantes. Montenegro sabe disso e tem plena consciência destas afrontas aparentemente democráticas, às quais tem respondido a tempo e a horas, com muita classe e tranquilidade. 

O PS anda confuso e ainda não entendeu o seu novo papel na democracia. Não percebeu que é oposição. E não sabe sê-lo, porque se acha o dono do poder. E como não é capaz de aceitar a sua condição de oposição, quer governar a partir do Parlamento com o Chega. E tudo vai fazer, sem olhar a meios, para derrubar o governo da AD. Já começou a pôr a máquina da propaganda a funcionar, se alguma vez esteve parada, ao serviço do derrube e da destruição do poder. O país não importa. As pessoas não importam. O poder, sim, importa. O combate, por isso, adivinha-se que vai ser duro, o que irá exigir ao PSD uma força extra para não se deixar abater por inutilidades. 

A primeira exigência é o governo estar unido, coeso e ser competente para responder positivamente às necessidades das pessoas, para tornar o país competitivo e reerguer a sua boa imagem perante os parceiros europeus. A seguir, não entrar no joguinho dos boys, mas das competências. Colocar sempre os melhores nos serviços públicos é a terceira exigência.


 

2 - Se o PS não aterrou, nem se sente derrotado, o Chega actua como uma barata tonta. Procura os pequenos deslizes e aponta as baterias para as extravagâncias de um poder fantasiado e de um país inexistente. Para o Chega o limite não tem limite. Tudo é possível. Não tem a noção da realidade. Promete tudo e mais alguma coisa como houvesse jazidas de petróleo à saudita. Quer ser poder de qualquer maneira. Por isso, aposta os seus “trunfos”, se os tem, no desgaste acelerado da AD. Vai enganar-se, com certeza.


 

3 - Os neo-socialistas, depois de oito anos e meio de governo, tempo mais do que suficiente para terem projectado, reformado e desenvolvido o país, deixou-o arrastar-se para as múltiplas fragilidades que hoje apresenta. Serviços públicos em exaustão, serviços mancos, mas imprescindíveis para a definição da qualidade de vida dos portugueses. Até as famosas “contas certas” não estavam bem certas. Estão esburacadas. A propaganda tudo tapava e tudo compunha. 

O PS teve todas, mas todas, as condições para brilhar: maioria absoluta, PRR, estabilidade política, ambiente económico favorável. Oito anos e meio de falhanços na Saúde, na Educação, na Justiça, na Habitação, na Imigração. O PS está a perder uma soberana oportunidade de estar calado e de reflectir nos erros que cometeu. Como falhou, merece fazer uma boa travessia no deserto para aprender a ser responsável e a respeitar melhor os portugueses. Merece, sim!


 

4 - A AD tem sofrido todo o tipo de ataques para impedir que a sua governação possa ser exercida com normalidade. As “forças de bloqueio” estão activas e disponíveis para complicar. E querem complicar. Será que estamos mesmo numa democracia parlamentar normal?!

Armindo Oliveira

Armindo Oliveira

19 maio 2024