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A caminho das eleições europeias

É já no dia nove de junho que se realizam as eleições para a escolha dos representantes ao Parlamento Europeu; e, de entre os vários partidos políticos concorrentes temos, pois, de escolher os candidatos que vão representar o nosso país, durante cinco anos. 

Ora, dada a elevada taxa de abstenção às urnas que desde 1994 atingiu valores de cerca de 60%, tendo mesmo, em 2019, sido de 69,3%, é caso para fazermos uma séria análise e reflexão ao sucedido; e esta realidade confrangedora é a prova provada de que a maioria dos portugueses tem vivido, em termos de Europa Unida, de costas voltadas para esta evidência ou mesmo de forma aleatória. 

Ora, todos os meios que combatam a abstenção me parecem legítimos, mormente, atendendo à importância destas eleições, devido aos problemas que afligem a União, como sejam, por exemplo, a necessidade de criar o serviço militar obrigatório em todos os países membros perante a ameaça de uma guerra global, (até parece ridículo, mas o governo da Eslováquia propôs um incentivo de quinhentos Euros a atribuir a cada eleitor que não se abstenha de votar); e é óbvio que, se o União Europeia não se unir fortemente para defesa conjunta das ameaças à sua segurança que podem vir da Rússia, da China ou de países árabes, corremos sérios riscos do desmantelamento da União e da própria Europa. 

Sabemos, por estudos de opinião vários, que a grande maioria dos portugueses se sente membro efetivo da União Europeia e tem, inclusive, orgulho e empatia em se rever em todas as decisões daí emanadas, sendo declaradamente europeísta; mas, partidos políticos temos no nosso país que, dadas as suas ideologias de extrema-esquerda e de extrema-direita, declaradamente se manifestam antieuropeístas e criticam mesmo a nossa pertença à União. 

Pois bem, é necessário que os partidos políticos e os seus candidatos, durante o período de campanha eleitoral, se empenhem decididamente em informar, esclarecer e motivar os eleitores para que não se abstenham; e, sobretudo, façam uma campanha séria, esclarecida e motivadora sobre o empenhamento de lutarmos por uma Europa mais justa, desenvolvida, solidária e igual e pela necessidade de se diminuírem as injustiças, as desigualdades e a pobreza. 

Ainda pertencemos, infelizmente, a uma União Europeia de países muito ricos e países muito pobres; e, por isso, necessário é lutarmos por mais e melhor trabalho, mais e melhor ambiente, mais e melhor agricultura, indústria, comércio e pescas, bem como uma maior e empenhada defesa dos direitos, económicos, sociais e culturais para todos. 

Agora, e após os milhões e milhões de Euros que ao país já chegaram e ainda vão chegando, através das constantes bazucadas de massa, preciso é saber se eles têm sido bem aplicados e geridos ou se, por não haver projetos para o seu uso e aplicação corretos, foram devolvidos à procedência; e essas bazucadas de massa, vindas declaradamente para a modernização, o crescimento e desenvolvimento, a criação e manutenção do modelo social justo para todos, infelizmente, se olharmos bem à nossa volta, não alcançaram em pleno os seus projetados e desejados objetivos. 

Temos, pois, de exigir dos deputados que elegermos um papel mais ativo, responsável e comprometido nas decisões conjuntas que ao país dizem respeito e não sejam meros piões de brega nas mãos dos parceiros europeus; e porque somos um país considerado entre os parceiros apenas médio, mas possuidor de um mar imenso, paisagens de sonho, praias a perder de vista e um clima ameno e convidativo, devemos exigir maior participação, diálogo e solidariedade dos parceiros europeus nas tomadas de decisões que a todos devem dizer respeito e não, apenas, a alguns que, normalmente, são sempre os maiores e mais poderosos. 

Por isso, vamos contrariar o alheamento e a desmotivação atávicos com que temos enfrentado os problemas e assuntos relevantes da União Europeia, dizendo não à abstenção; e, mormente, apostando na escolha dos candidatos que mais garantias nos dão de representar com elevado orgulho, motivação, ambição e sentido de responsabilidade o nosso país no Parlamento Europeu; e na certeza de que se não pertencêssemos à União Europeia não passaríamos de um país atrasado, pobre, marginalizado e, constantemente, de chapéu na mão e mão estendida.

Então, até de hoje a oito.

Dinis Salgado

Dinis Salgado

15 maio 2024