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Reabilitação Vital: A Resiliência no Meio do Caos em Gaza

Como consequência dos conflitos incessantes e à violência devastadora em Gaza, as lesões traumáticas tornam-se uma triste realidade para muitos palestinianos. Explosões, tiros e ataques aéreos deixam um rasto de destruição física e emocional, desafiando a capacidade da população de se recuperar. 

O aumento alarmante de lesões traumáticas, tanto em número quanto em gravidade, sublinha a urgente necessidade de intervenções de reabilitação eficazes. Ferimentos que antes eram considerados fatais agora resultam em sobrevivência, sempre que possível, mas com consequências duradouras para a saúde física e mental dos pacientes. 

A fisioterapia apresenta-se como uma ajuda na recuperação física e emocional dos sobreviventes de lesões traumáticas. A função comprometida impede a mobilidade assim como a possibilidade de desempenho de atividades de vida diária entre os mais idosos, jovens e crianças. A guerra cega não vai para além do agora, e dos objetivos de quem a determina, mas as consequências emergem para além do depois, ficam para todo o sempre num pequeno numero de sobreviventes.

O trauma causado por lesões traumáticas pode deixar cicatrizes profundas, exigindo uma abordagem holística para a recuperação. 

Para nós quase do outro lado do mundo, isto soa estranho, diferente e até inconjeturável, mas as marcas da guerra são muito mais do que físicas, limitadoras e devastadoras são mentais e por isso o maior dos desafios para os fisioterapeutas;lidar com os traumas de guerra, com o luto inacabado, com a noção de total destruição do que era mais proximo é um desafio para qualquer profissional de saúde.

Estas marcas deixadas nos mais novos que serão projetadas no futuro, dificultam qualquer aproximação ou abordagem porque um dos parâmetros cruciais na fisioterapia é a confiança no fisioterapeuta. E que jovem adulto irá sequer conseguir conjugar o verbo confiar, depois dos cenários que vemos na televisão e que felizmente não sentimos na pele, não sentimos o cheiro, nem mesmo tal dor.

A comunidade aqui desempenha um papel fundamental, e conseguimos ver isso de soslaio nas reportagens televisivas, mas quando a quase totalidade da comunidade se esvai como pó por entre as mãos, que será daquelas crianças magoadas, limitadas, feridas até às entranhas… que será dos profissionais de saúde que sem quaisquer condições tentam fazer o impossivel?

Pois porque também eles estão lá, e são filhos e netos de alguem e também eles têm lesões….

É confortavel estarmos do lado de cá e opinar sobre, é facil faze-lo no quentinho do sofá…

Mas o que irá naquelas mentes, naqueles corações, que futuro se antevê? Se é que existe futuro para qualquer um deles…

Andrea Ribeiro

Andrea Ribeiro

9 maio 2024