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No reinado dos trânsfugas

 

 

Eu não sei, sinceramente, como há partidos políticos que estendem as mãos aqueles que estavam afogados noutros partidos! A estes náufragos servem-lhe qualquer boia. Quem os salva dão-me a impressão que são recetadores de objetos perdidos. Aos que não têm pejo, ou vergonha na cara, de virar o direito pelo avesso, o meu sincero repúdio; aos partidos que os acolhem como fruta boa, quando sabem que está tocada e mesmo assim a compra, a minha desilusão profunda. E assim se faz política sem caráter de parte a parte porque como diz o povo, “tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta”. Tudo isto cheira a coisa repugnante; tudo isto contamina a democracia como maçã podre em cesto de boa fruta. Julgam aqueles que, aceitando tais trânsfugas, ganham mais votos na opinião pública? Estão enganados porque pensamos que, os que tal fazem, são capazes de trocar o perfume pelo frasco, se assim lhes convier. Nada quero com negociantes que são capazes de vender a alma ao diabo. Cristo, com um azorrague, correu com os vendilhões do Templo; julgo que deveria cá voltar para correr aos pontapés estes vendilhões “democratas”. O Chega, aproveitando trânsfugas, desonra o partido que representa porque a direita portuguesa, no que diz respeito a honra, muito se distancia destas vergonhas: poderiam restringir a liberdade mas não davam agasalho a estas habilidades que cheiram a negócio de feira; a probidade testa-se pela necessidade do momento e a cada momento de necessidade. Isto nada tem contra a ideologia da chamada direita, mas tem muito a ver com o aproveitamento de sobras para engrossar o bolo a qualquer preço, mesmo que vendendo a honra, a preço de saldo. Os trânsfugas são “cristãos novos” por fora mas por dentro sabe-se lá o que são. In illo tempore, “Roma não pagava a traidores”, hoje metem-lhe a papinha na boca. O pior é que os rejeitados ou os que não estão na lista para deputados, ou estão em lugar não elegível, fazem destes casos o seu caso e procuram as mesmas veredas em vez dos trilhos limpos da democracia em vez da eleição sem caráter. É preciso não se ter convicção ideológica profunda para andar de partido em partido como passaritos dos telhados. A democracia é generosa para com todos, mas o eleitorado não pode aceitar nem os vendidos, nem os vendilhões. O pior é se fazem um reinado!

Paulo Fafe

Paulo Fafe

12 fevereiro 2024