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Os Seminários são os lançadores de sementes que frutificam a Igreja (16)

Numa das minhas conclusões, no Conselho Pastoral Diocesano, a uma das reflexões propostas referi o seguinte:

 No espaço europeu no qual também nos encontramos, como é evidente, o caminho a percorrer tem de ser enfrentado com um espírito sinodal mais persistente e encorajador para que as comunidades cristãs vivam e se envolvam com maior intensidade na vivência da fé. Há necessidade de uma evangelização mais participada, em que os leigos possam ter, cada vez mais, uma ação que, eles próprios, se sintam úteis na vida da Igreja. Para isso, há que saber distribuir e aceitar todos aqueles que se prestam num espírito de complementaridade entre as várias hierarquias de uma comunidade cristã.

 A formação de leigos tem vindo a acontecer e já há um caminho que está a ser percorrido, mas temos de ver o Povo de Deus mais como um todo, com a importância que lhe é devida. A aproximação entre os membros da Igreja (clero) e todos os outros grupos sociais é de suma importância, aproveitando a sua disponibilidade para que haja um diálogo mais aberto e menos compartimentado.

 Não podemos deixar com que as nossas raízes cristãs se desvaneçam, pois tem havido uma grande tendência para a laicização, abandonando-se, de uma forma bastante crescente, os tradicionais valores cristãos. Temos de saber interligar e criar condições para que os diversos caminhos se entrelacem e possamos caminhar juntos na construção de um mundo mais justo e mais próspero, segundo os ideais em Cristo.

 A evangelização não obriga a locais próprios. Em qualquer local se pode doutrinar, fazer conversão, aumentar o Rebanho do Senhor, sem grandes formalidades. O exemplo de cada um de nós em comunidade, nos nossos convívios, nas nossas brincadeiras pode fazer grandes transformações nas mentes de tantos nossos amigos e conhecidos que trilham caminhos desaconselháveis à luz da doutrina que Cristo nos deixou. Não podemos ter medo e vergonha de assumir aquilo que somos. Tenhamos firmeza e apregoemos os nossos ideais sem hipocrisias.

 Todos podem ser aproveitados, num diálogo sinodal, dentro das capacidades e talentos de cada pessoa. O Celeiro deve comportar todo o tipo de cereal, mesmo aqueles que já se encontram fora, em vias de rejeição. Devemos saber colher todos os frutos por mais ínfimos que sejam e sabê-los tratar, podendo fazer parte de todo o celeiro para que, integrados no conjunto, possam fortalecer a sua substância principal que vá alimentar e multiplicar por outros que tanto necessitam desse “mantimento”.

 A dimensão pastoral tratada e desenvolvida no Seminário, sobretudo na formação dos candidatos mais próximos do presbiterado, é uma das vertentes fundamentais para ir de encontro ao que referi nos parágrafos anteriores, pois hoje os desafios são muito exigentes, sobretudo para um padre que está à frente de uma comunidade. Precisa de novas metodologias, novas formas de evangelização e o Seminário na Pastoral Catequética, nos primeiros anos de Teologia, desenvolve esta área com muita relevância, no sentido de mostrar aos alunos a importância da catequese na vida da Igreja; o Escutismo, um complemento de formação do 4.º ano de Teologia, sendo como que um instrumento de animação pastoral, estruturado em volta da participação dos leigos. Uma maneira de dinamizar os jovens e também os adultos, muitas vezes, de uma forma lúdica, de modo a manterem viva a chama da fé, trabalhando na movimentação da paróquia; a Pastoral Penitenciária, vertente do 5º ano, tem por objetivo criar na mente dos Seminaristas as várias realidades que poderão encontrar ao longo do seu ministério, aprendendo a lidar com as diferentes situações, mesmo as mais adversas. Para isso, esta área incide sobre os seguintes temas: crimes, penas e reinserção social com projetos de campo que vão desde visitas ao Estabelecimento Prisional de Braga, a Bairros Sociais e a tantas outras situações que exigem cuidados especiais; a Pastoral Social mais vincada no 6.º ano, no sentido de sensibilizar os Seminaristas para esta ação humanitária, própria dos valores cristãos, dando credibilidade ao Evangelho com o exemplo e as boas ações. Uma maneira de educar os futuros presbíteros para estas realidades que exigem muita atenção e que jamais se poderão desprezar à luz dos valores evangélicos, incentivando o voluntariado, contactando tantas instituições já existentes ao longo da nossa diocese.

 Os Seminários têm sabido adaptar-se a estes novos tempos, tendo sido fomentadores de uma formação com uma transversalidade de temas que muito contribuem para que os novos sacerdotes saibam enfrentar, lidar com a diversidade de mentalidades do mundo em que vivemos.

Salvador de Sousa

Salvador de Sousa

31 janeiro 2024