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Índia, Israel e dois sábios provérbios lusos

1 - A chamada “sabedoria popular “). A “sabedoria popular” não é um termo vão. É certo que o povo em geral (seja o português, o inglês, o chinês ou o marroquino) não costuma ser “sábio”, às vezes bem pelo contrário. Porém, as sínteses ou conclusões filtradas pelos elementos mais capazes desses povos (de todos os povos, presumo) é que constituem um sábio acervo de pensamentos e julgamentos. Exemplo típico de cristalizador dessa sabedoria dita”popular” é, p.ex., o nosso grande “poeta” (eu diria antes, filósofo, António Aleixo). Quanto a estas sínteses ou julgamentos (às vezes, bem transnacionais), elas designam-se ´”provérbios”, “ditados”, “aforismos”; etc. Eis dois deles, portugueses e bem populares.

2 - “As visitas de hoje, amanhã serão hóspedes e depois, patrões”). É claro que isto não se aplica a todas as “visitas”, sobretudo não se aplica aos tão bem vindos e rentáveis turistas. Mas é uma lição, por certo, contra a aceitação indiscriminada de vagas de milhões de imigrantes (mesmo os legais). Cuja progressão contínua na percentagem dos moradores de qualquer país, ao fim de alguns anos ou décadas, ganha “foros de cidade”; na justa medida em que, tendencialmente reclama direitos que antes ninguém suspeitara que não fossem exclusivos dos naturais. Tudo isto acontece, aliás, no curto refluxo de 5 a 6 décadas (a curta distância que nos separa das várias descolonizações, sobretudo em África, nas quais os portugueses, britânicos, belgas e franceses foram de lá expulsos à força). Paralelamente, note-se a ingénua aceitação, desde os anos 60, pelos norte-americanos, de 50 ou 60 milhões de imigrantes (boa parte ilegais) provenientes do seu magno rival regional, o México (e de países afins, como a Colômbia) que hoje tanta influência têm no crime organizado local. Ao ponto de, a comunidade italiana nos EUA, já ser quase considerada uma força conservadora e “patriótica”. O dito “fenómeno Trump” tem origem neste tipo de ameaças (e só não é compreendido como razoável por quem não está a par do que por lá se passa). Outro exemplo: a Alemanha (aliás, tal como a Grã-Bretanha ou a França) é um país em que no pos-guerra foram de início aceites quantidades razoáveis de imigrantes, sobretudo turcos, os quais tinham sido leais aliados do Reich na guerra de 14-18. Mas eram tão diferentes da essência dos povos germânicos que, tal como os outros (jugoslavos, portugueses, italianos, gregos, espanhóis) tinham a categoria de meros “trabalhadores-convidados” (Gastarbeiter). Portanto, logo que não fossem mais precisos, poderiam ser, digamos, “desconvidados”. Porém, na esmagadora maioria tiveram direito a chamar a família e a perpetuar-se no país. Os EUA, que fomentam uma guerra na Ucrânia, não têm coragem nem força para defender a fronteira do Texas até à Califórnia. A Inglaterra (nação que resistiu às invasões de Napoleão e Hitler…) tem medo de uma “invasão das barcaças”, cujos novos “viquingues- melânicos”, o patético Sunak diz desejar enviar para o… Ruanda. Recordemos também o ano de 2015, em que (contrariada) Merkel admitiu no seu país quase 2 milhões de falsos refugiados islâmicos.

3 - “Queres conhecer o vilão? Põe-lhe o pau na mão…”). Fico triste por constatar isto. Eu, que, como tantos não judeus tinha uma certa esperança de que a imagem negativa que tínhamos historicamente do hebreu conspirador (e fanático da sua religião, que o considera “o povo eleito”, o tal que mandará em todos os outros) fosse já uma coisa do passado. Mas as intrigas judaicas que levaram à actual e tão perigosa guerra entre Moscovo e Kieve; e a forma completamente desproporcionada (e interminável) como os mesmos judeus se têm vingado do massacre terrorista de 7 de Outubro (fundada que é na ideia de que são diferentes e superiores aos outros povos), demonstram bem que não devemos ter grande esperança. Aos 17 anos, contrariado, os meus pais levaram-me a visitar o cinzento campo de morte de Dachau (em Munique). Intuitivo, eu perguntei “mas por que é que aquilo ainda estava ali?”; “quem tem interesse em exibir a morte, a tristeza?”. Foi no ano em que gloriosamente, de seguida, eu conheci a Jugoslávia e fui a Atenas e à solar Olímpia, no sul. Curiosamente, confesso também que, quando comecei a minha carreira de colunista no JN (em 93) e já temendo por novas vinganças contra os judeus, eu ia acrescentar um enigmático “d.j.” (“defensor judeorum”) ao meu nome. Só não o fiz porque poderiam pensar que era “doctor juris” (sou apenas “licenciado” e ex-advogado). Ou então pior: “disc jockey”.

Eduardo Tomás Alves

Eduardo Tomás Alves

30 janeiro 2024