Um dos pontos básicos da estratégia dos políticos habilidosos é conhecido há longo tempo. Assenta na visão distorcida da realidade e na desvalorização acrítica dos agentes discordantes. Ou seja, o habilidoso nunca vê o copo meio vazio. E muito menos vazio. Pode mesmo o copo estar completamente vazio, que o habilidoso o vê sempre meio cheio. Claro, procede assim e com outra ênfase, quando as coisas começam a correr para torto. Nesse campo, lá está ele, em finca pé, às vezes nervoso, outras vezes amuado, a ver o copo meio cheio para justificar tudo e mais alguma coisa. E é nesta estratégia das percepções estapafúrdias que o habilidoso vai iludindo o seu povo. E quanto mais dependente e ignorante for esse povo melhor.
1 - O país não precisa de habilidosos na governação. Não trazem boa maré, nem calmaria. Nem desenvolvimento. Trazem habilidades. O país precisa de gente governativa capaz, competente e, se possível, visionária. São estes que fazem andar um povo e um tempo. Os outros, os habilidosos, mostram as suas habilidades para a gente se divertir. Fazem os seus números de ilusão e propagandeiam os seus feitos. De novo, nada vem. Ficam irritados, quando o espectador não aplaude. As palmas, as reverências, os sorrisos sonsos, os olhos arreguilados são os melhores prémios que recebem.
Tome-se como referência para testar a capacidade do habilidoso, o relatório PISA que avalia o desempenho da Educação do país num certo período. Aconteceu simplesmente uma desgraça. Os alunos portugueses estão a perder qualidade. Este “drama educativo” em vez de merecer um tratamento adequado para suprir o que de mal correu, o habilidoso arranjou logo uma forma de desvalorizar o assunto que causa engulho a quem anda ou a quem andou nestas lides. Disse o habilidoso mais ou menos isto: “todos os alunos tiveram alimentação garantida”, quando o que se exigia é que esses alunos tivessem tido bons resultados nas provas. E mais nada!
2 - É consensual que a Escola Pública está a passar por uma fase complicada. Já não chegava a indisciplina dos alunos, a falta de autoridade dos professores, a imensa e desgastante burocracia, a falta de exigência curricular, todos os facilitismos e mais alguns, o fraco recrutamento dos profissionais da Educação. Juntou-se ao sarilho a luta interminável dos professores que corajosamente dão a cara na defesa dos seus legítimos e justos direitos. Toda esta situação, complica e degrada mais o sistema educativo Público, que o torna cada vez mais frágil e ineficaz. Culpados há, com certeza! Assumam as respectivas responsabilidades e corrijam os erros cometidos ao abrigo da ideologia. A Escola não precisa de ideologia. A Escola precisa de Paz, de Exigência, de Autoridade, de professores motivados e dedicados.
3 - Não é por acaso que as Escolas Privadas são procuradas pelos pais! Não é por acaso que estão nos seus limites máximos de alunos por turma, apesar de serem caras, provocando despesas suplementares que eram bem escusadas, se a oferta pública fosse de qualidade!
Não é de estranhar a incoerência dos maiores defensores da Escola Pública e, ao mesmo tempo, detractores da Escola Privada, ao colocarem os seus filhos no ensino privado! Que o diga Alexandra Leitão uma das maiores “inimigas” da Escola Privada que tem agora as suas filhas no Colégio Alemão. Que o diga Pedro Nuno Santos que tem o seu filho no Colégio Moderno. Que o diga António Costa que teve os seus filhos também no Colégio Moderno e tem agora os seus netos na Escola Privada. Que estes e outros políticos tenham optado pelas Escolas Privadas estão no seu direito. Agora o que não é aceitável é que atirem com areia para os olhos dos portuguesinhos, vendendo a ideologia serôdia e retrógrada do primado do Público.
4 - Há um assunto político-partidário que ainda não percebi. Porque razão os neo-socialistas dizem que são sociais-democratas? Pedro Nuno Santos faz imensa questão de o afirmar e de se enrolar no manto da social-democracia. Será que o “socialismo” é uma deriva táctica ideológica? Será que só usam o termo partido “Socialista” para cativar o eleitor mais desprevenido e mais sensível às ilusões da ideologia das igualdades e das solidariedades. O partido “Socialista” não deveria chamar-se Partido Social Democrata 2”? A pergunta fica. Pelo menos!