A Aliança Democrática (AD), como coligação política de centro-direita, constituída pelo Partido Social Democrata (PPD/PSD), pelo Partido do Centro Democrático Social (CDS), pelo Partido Popular Monárquico (PPM) e por personalidades independentes, nasceu em 1979. Foi seu grande inspirador o líder histórico do PSD, Francisco Sá Carneiro, acompanhado pelos líderes do CDS, Diogo Freitas do Amaral e do PPM, Gonçalo Ribeiro Teles e teve como objetivo dar resposta à deterioração acentuada que o país então vivia.
Na realidade, os seis governos provisórios que se seguiram à Revolução de 25 de Abril (muitas vezes com rumos contraditórios) e a descolonização precipitada que se seguiu destruíram boa parte do aparelho de produção e desorganizaram as instituições do estado levando o país à paralisação e ao caos. Nem os dois primeiros governos constitucionais, chefiados por Mário Soares, foram capazes de pôr termo à degradação reinante.
A AD surge como resposta ao desgaste das condições económicas, sociais e culturais a que Portugal se sujeitava, sem vislumbrar uma saída.
A Aliança Democrática assumindo-se como um projeto de mudança obteve duas grandes vitórias nas eleições legislativas de 1979 e 1980 e os seus governos iniciaram o processo de abertura das empresas à iniciativa privada, em contraponto à orientação dos governos anteriores que tinham nacionalizado diversos setores da economia. Em paralelo, colocou em agenda a adesão do país à Comunidade Económica Europeia, a autodeterminação de Timor-Leste e o combate à inflação. Bateu-se pelo regresso dos militares à caserna, pugnou por um regime civilista e democrático e iniciou o processo de restituição aos proprietários dos bens que lhes tinham sido extorquidos.
O seu fim precoce deveu-se essencialmente à trágica morte de Sá Carneiro, de Adelino Amaro da Costa e seus acompanhantes no fatídico desastre de Camarate, em 4 de dezembro de 1980, que ainda hoje continua envolto em mistério. Posteriormente, os desentendimentos dentro do PSD, quanto ao rumo a seguir, e o fracasso da campanha presidencial do general Soares Carneiro no mesmo ano, levaram ao seu termo.
Mais de quatro décadas volvidas, em tempo e contexto bem distintos, a AD renasce para, um pouco à semelhança do que esteve na sua génese, ser uma alternativa de governo credível e capaz de devolver a esperança aos portugueses.
Analisando os últimos oito anos dos governos do Partido Socialista, vemos que o país pouco mudou e, pior do que isso, tem-se assistido a uma degradação de serviços públicos essenciais como a Saúde, a Educação e a Justiça.
A Economia, apesar dos elogios em causa própria, tem-se pautado por uma evolução insuficiente que, ano após ano, leva Portugal a ser ultrapassado por países do leste europeu que entraram na União Europeia depois de nós.
Continuamos com uma carga fiscal muito elevada e a vermos partir os nossos jovens mais qualificados para diferentes destinos estrangeiros em busca de condições de vida que lhes são negadas no solo pátrio.
Envergonham-nos os índices de pobreza, a subsidiodependência e a população dos sem-abrigo a crescer.
Embaraçam-nos a frequência e a ligeireza com que são mudados membros do governo, sobretudo o que aconteceu nos últimos dois anos, que levou à queda do atual governo que se encontra em gestão.
Surpreendemo-nos por testemunhar a queda de um governo com apoio de uma maioria absoluta no parlamento ao fim de cerca de dois anos da sua posse. Queda por demissão do Primeiro-ministro e não por decisão unilateral do Presidente da República.
Enfim, com a dissolução da Assembleia da Républica e eleições legislativas antecipadas para o próximo dia 10 de março, impunha-se o aparecimento de uma alternativa capaz de restituir a esperança aos portugueses.
Essa alternativa renasceu e foi buscar o nome às suas origens. É nela que muitos portugueses se reveem e em que depositam a esperança num futuro melhor.
Aguardemos serenamente o veredicto do povo.