As greves
Uns fazem greves por um dia para tentar obter salários em atraso e subsídio de Natal. Outros fazem greves por largo tempo para aumentar ordenado e obter outras vantagens.
Os primeiros são normalmente trabalhadores de empresas privadas que o que mais temem é perder o emprego. Os segundos são quase sempre funcionários públicos ou trabalhadores de empresas públicas que estão seguros do seu posto de trabalho e pouco se importam com os prejuízos que as suas greves causam a doentes, a alunos, a quem pretende obter justiça nos tribunais ou precisa de transportes públicos para ir para o trabalho.
A greve é um bem precioso que a democracia proporciona, mas que deve ser utilizado com todo o cuidado e como último recurso. Infelizmente não é assim que se passa na Administração Pública que tem a seu cargo serviços públicos tão essenciais como a saúde, a educação, a justiça ( esta com excepção dos magistrados, mas nem sempre) e os transportes.
Ao contrário do que se pensa, o direito à greve em democracia não é um direito sem limites. Tem limites e muito fortes, mesmo que a lei em vigor tal não reconheça, principalmente quando estão em causa direitos fundamentais dos cidadãos como os que estão ligados aos serviços públicos essenciais.
Quando as greves se banalizam é a democracia que é posta em causa e os inimigos desta rejubilam.
Exploração mineira
Diz-se, como se fosse verdade inatacável, que temos de aumentar o produto interno bruto (PIB) e assim aproveitar os nossos recursos naturais. Se temos lítio então que se extraia o lítio dos montes. Se temos boa pedra, então que se extraia pedra.
No entanto, quase sempre não se pondera devidamente se essa extração vai prejudicar a beleza da natureza que temos perante os olhos e que tanto bem nos pode dar se a conservarmos, permitindo a agricultura, a pecuária, a floresta, o turismo, as paisagens e o ambiente (água de qualidade, por exemplo) e assim um PIB limpo. Muitas vezes o PIB limpo acabaria por ser muito superior ao PIB sujo.
E também não se pondera o modo como se faz a exploração mineira no nosso país. Visitem-nas e verificarão, quase sempre, que finda a exploração tudo fica revolvido e maltratado. A natureza que nos foi dada por empréstimo e temos a obrigação de transmitir às gerações futuras o melhor que for possível ficou destruída.
O comportamento humano
Dois domínios da actuação bem diversos, mas com uma base em comum: o comportamento humano. Num caso, o homem a agir contra o seu semelhante em situação de vulnerabilidade; no outro, o homem a agir contra a natureza que lhe foi dada por empréstimo para utilizar e transmitir às gerações futuras, mas não para a degradar. Não devemos ir por aí.