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Interrogações sobre TGV’s e aeroportos

Fiel à opinião que já mais de uma vez exprimi). Inclusive aqui, no DM, em 2 ou 3 trabalhos de anos anteriores (v. g., em 22-1-2019 e 16-2-2021). Tenho grandes reservas em relação à necessidade de qualquer TGV entre Lisboa e Porto. E não consigo honestamente superar as dificuldades que se levantam em relação à construção de um novo aeroporto nas várias periferias de Lisboa. Ambos os projectos envolvem, aliás, “rios de dinheiro”, que deveriam servir, era para colmatar as ponderosas necessidades sociais dum país que contará com cerca de 20% de pessoas pobres (muitas delas, por via da droga, em estado de verdadeira “miséria humana”). Num país com falta de, isso sim, hospitais, prisões, médicos, polícias, bons professores.
Por que sou contra esta linha de TGV, entre Lisboa e Porto). A 1ª razão é o custo da obra, que sai sempre 3 vezes mais cara que o previsto. A 2ª razão é a desnecessidade da obra, face à oferta actual de comboios rápidos, de 3 auto-estradas e duma ligação aérea barata e rápida. A 3ª razão é a quantidade imensa de expropriações (ao preço da chuva, como é costume…) que será necessário fazer, contra a vontade da maioria dos proprietários. A 4ª razão é que o traçado é feito em zonas densamente povoadas, ao contrário do que é normal por esse mundo fora, em que os TGVs costumam atravessar zonas despovoadas. A 5ª razão é que (em havendo movimento suficiente, que não há…) menos criticável seria uma ligação Lisboa-Madrid; porém já há o avião, para quem tem pressa; a avultada despesa não se justifica… A 6ª razão (que até podia ser a 1ª…) é que um TGV entre Lisboa e Porto constituiria uma despesa brutal, só para se obter um ganho de 20 minutos em relação à oferta existente. A 7ª é que um TGV assim (para regiamente custear o benefício de meia dúzia de executivos endinheirados) seria sempre (apesar dos “vastos subsídios” da UE) paga com os impostos de todos nós, como foi com as PPPs, barragens e auto-estradas de J. Sócrates. A 8ª razão é a longa duração e transtornos múltiplos que a obra causa. A 9ª é a de que, ao que parece, algumas companhias de aviação se têm, finalmente, manifestado contra, dado o previsível” roubo de clientela”. A 10ª razão é que tudo isto mais parece uma decisão impensada e em cima da hora, só para aproveitar fundos europeus, que terminam em fim de Janeiro; imaginando-se os interesses empresariais escondidos que estarão por trás desses fundos. A 11ª razão (que também podia ser a 1ª) é que esses fundos seriam muito bem vindos, era para melhorar drasticamente o que não tem corrido tão bem nos comboios portugueses (fecho de linhas, pouca compra de novas composições convencionais, não abertura de novas linhas, etc.).
Problemas à volta dum novo grande aeroporto na zona de Lisboa). Procuremos sintetizar. O 1º problema é que a bela Lisboa já está demasiado cara, congestionada, poluída e descaracterizada pela grande quantidade de turistas e sobretudo de imigrantes (legais ou ilegais) provenientes de lugares remotos, que nada têm a ver com o nosso Povo e a nossa civilização; construir um novo aeroporto é agudizar este magnos transtornos e perdas. O 2º problema é que o vasto estuário do Tejo é uma das 3 grandes rotas migratórias para largas dezenas de espécies de aves, entre a Europa e o centro e sul da África (sendo as outras 2 rotas, a da Sicília-Calábria e a do Bósforo turco); e qualquer das localizações vai quase anular, destruir, um trunfo ecológico (e turístico), “à nossa disposição” há milhares de anos. O 3º problema, decorrente do anterior é que, com tanta ave em certos meses do ano, o risco de sucção pelos motores a jacto, é grande; e os consequentes desastres, são previsíveis e frequentes (e há várias vilas na região). Um 4º problema é que quase todas as soluções ficam demasiado longe. O 5º problema deriva do facto de, algumas delas obrigarem à construção de nova e cara ponte, em cima do oficialmente “protegido” estuário do Tejo. Um 6º problema: mal temos dinheiro para manter a TAP… e vamos fazer um caro aeroporto? 7º problema: atrair mais turistas a Lisboa é desvia-los do Porto e do Algarve, aumentando o “centralismo” lisboeta (que neste momento, aliás , já lhes é prejudicial e excessivo). Por tudo isto, não parece tolo aumentar a Portela dentro do possível: e melhorar um ou dois dos aeródromos vizinhos; é a tal solução “Portela mais um”. Do mal… o menos.

Eduardo Tomás Alves

Eduardo Tomás Alves

9 janeiro 2024