O país comemora este ano 50 anos do 25 de abril, o qual foi um ato de coragem para implementar a democracia, num período algo complexo que o país atravessava, após a instalação progressiva de uma ditadura, depois da implantação da República em 1910.
É também de salientar e relembrar o 25 de novembro, quando o país esteve dividido em duas partes, a partir de Rio Maior, com o Partido Comunista a pretender instalar o comunismo, mas houve coragem das grandes figuras políticas que fugiram para o norte, acompanhando Mário Soares, tais como Manuel Alegre, Sá Carneiro, Freitas do Amaral e outros, onde a firmeza e a visão do Brigadeiro Pires Veloso e do General Lemos Ferreira, que levou toda a aviação para a Cortegaça, foram fundamentais para o 25 de novembro marcar a história de Portugal.
Com certeza muitos se lembram do comício realizado no interior e depois no exterior do Teatro Circo, seguindo-se o Estádio das Antas, sob a liderança de Mário Soares e, em boa memória, Carlos Moedas quis marcar esta data na Câmara Municipal de Lisboa, onde estiveram presentes diversos elementos ligados a este movimento, que foi, em grande parte, o cerne da instalação da democracia.
É de lembrar e homenagear todos aqueles que contribuíram, apesar de situações diversas e algumas tendentes à imposição de um sistema político que não se enquadrava dentro do passado secular do país, pois fomos uma referência mundial durante séculos, mas que a abrangência e globalização não foi aproveitada, para hoje sermos um país com condições similares a muitos países da Europa.
A liberdade e a democracia são um ícone fundamental, mas é necessário que os políticos assumam uma visão estratégica e regional para o seu todo, com planeamento previamente estabelecido e implantado progressivamente, depois de bem estruturado, com políticos ou políticos/gestores conhecedores das regiões e mesmo no Parlamento, para os projetos serem a essência do seu desenvolvimento, impedindo uma centralização que tem sido avassaladora nas últimas décadas, e obstando à fixação populacional no interior e contribuindo para a sua desertificação.
A revitalização do interior é fundamental para o desenvolvimento de Portugal, impedindo, ao mesmo tempo, a destruição progressiva da classe média, que leva a que nos tornemos um país de ricos e de pobres. Esta situação poderia ser atenuada, mediante a recuperação de aldeias abandonadas, que poderiam ser reconstruídas, de forma a acolher imigrantes, para desenvolver determinadas atividades criadoras de riqueza nessas regiões.
No pós 25 de abril de 1974, houve políticos com visão, grandes gestores, que deram um grande impulso a Portugal e foram referências incontornáveis, quer na governação, quer no Parlamento e na Comissão Europeia.
Estes concentravam-nos nos problemas do país, na sua resolução, sem caminhar, como atualmente, com discursos motivadores e aliciantes, com promessas ou legislação não concretizadas, com ideologias de extremismo ou populismo, não adaptadas à governação ou ao funcionamento dos Ministérios, devidamente estruturados, com sentido pragmático e de concretização de projetos, com decisões e execução atempadas.
Independentemente do arco partidário que vier a ganhar as próximas eleições legislativas, com deputados de todas as regiões, para darem seguimento às realidades diversificadas do país e não pertencendo só aos grandes núcleos populacionais, é fundamental e urgente olhar Portugal no seu todo.
Por outro lado, perde-se imenso tempo nos lugares da governação, em questões de ataques pessoais e entrando na vida pessoal, dando seguimento a denúncias anónimas, a que esta comunicação social dá grande impacto e que é uma forma de distrair e de fugir à resolução dos problemas graves, que impedem a criação de riqueza, pois o investimento e aplicação dos fundos comunitários não tem aplicabilidade, muitas vezes, para os projetos essenciais para o país, no sentido de cativar os jovens, alguns de referência internacional, mas que deixam o país, e cuja formação teve um custo elevado.
Seria necessário que o próximo governo tivesse uma forma de atuar diferente e não se centrasse só nas contas certas e na redução da dívida, pois sem investimento estratégico e política abrangente, Portugal continuará a ser um país sem visão para o futuro e com esperança no seu desenvolvimento económico.