Em determinados setores da Administração Pública estamos a repetir os erros do antigamente numa declarada demonstração de retrocesso; e isto revela a nossa faceta de mau desempenho e se traduz e resume numa simples frase: não aprendemos nada com a inação e desleixo dos governantes do antigamente.
Lembro-me concretamente que, nas décadas de cinquenta e sessenta do século passado, como as finanças públicas sofriam de raquitismo agudo e longe estavam as bazucas europeias de milhões e milhões, não era possível acudir a todas as necessidades do país; e, então, as menos prementes ficavam para trás, sabia-se lá até quando, como por exemplo, o arranjo de caminhos públicos e estradas municipais e nacionais, pois as autoestradas ainda se viam pelo tal canudo de ver Braga.
Aqui o resultado da falta de verbas refletia-se nos buracos que as vias rodoviárias exibiam e se tornavam um enorme pesadelo e flagelo para quem as tinha de utilizar; vai daí, o remedeio para esta situação consistia no recurso imediato e frequente ao remendo dos buracos a fazer lembrar o que acontecia com as calças de muita canalhada onde os rasgões abundavam e reclamavam, obviamente, que lhes fossem aplicadas umas boas cuadas ou joelheiras.
Pois bem, como as chuvas têm sido uma constante na nossa augusta cidade a fazer lembrar o dito de outros tempos de que Braga era o peniquinho do céu, imensos remendos surgem nas vias rodoviárias; ruas, passeios e avenidas; e esta dor de cabeça e a pressa com que vão alastrando depressa transformam tais vias numa montra de remendos a céu aberto.
Depois, como as chuvas têm sido uma constante, esses remendos depressa se transformam em buracos que alastram e aumentam de volume como maleita maldita; e, assim, a paciência dos condutores, a segurança dos peões e da respetiva condução, bem como a saúde dos veículos entram numa escalada de preocupações e evidentes ineficácias.
Todavia, esta calamidade estende-se e propaga-se pelos subúrbios, onde mais difícil é chegar o auxílio da pá, da picareta e do asfalto; e a situação tende a agravar-se com a pelintrice que alastra, irremediavelmente, nos cofres da administração pública.
É o caso, por exemplo, da mais extensa rua do Lugar de Quintela, em Ferreiros, que vai da sede da respetiva Junta de Freguesia ao campo de futebol do Ferreirense, de seu nome rua José Vidal da Costa; e, aqui, os buracos e remendos tantos são que já pouco resta do piso original.
Contudo, de tempos-a-tempos, lá vem uma brigada da pá e da picareta, mandada por quem de direito, penso eu, que lança umas pazadas de asfalto nos buracos; só que, o curativo não dura muito, não sei se por falta de competência ou de qualidade do produto e lá aumentam os remendos e voltam os buracos.
Daqui resulta o natural descontentamento e revolta dos moradores bem como dos peões e automobilistas que por ali obrigatoriamente têm de transitar; só que o cansaço de gramarem com tantos remendos e buracos já é tanto que não acreditam no milagre de que, um dia, voltem a ter um tapete de asfalto digno da sua condição de cidadãos pagantes de impostos a tempo e horas; e, vai daí, só lhes resta a esperança de que do céu caia uma boa chuvada de asfalto para resolver de uma vez por todas a situação.
Assim sendo, aqui fica o apelo a quem de direito (ou Câmara Municipal ou Junta de Freguesia, a meu ver) para que arregace as mangas e mande avançar as máquinas de asfaltagem, a fim de se pôr cobro a tão persistente imbróglio; e para que assim, estes habitantes do Lugar de Quintela, em Ferreiros, só deste jeito se possam considerar cidadãos de corpo inteiro, como mandam as elementares regras de cidadania.
Porque se assim não for e continuarmos a teimar na simples tapagem de buracos, nunca mais vamos a lado nenhum; e, é justo, pois não desejamos que a paciência destes cidadãos se esgote e reclamem soluções de emergência mais custosas e dispendiosa para a autarquia.
Então, até de hoje a oito.