Nestes primeiros dias do ano de 2024, saúdo o novo ano com o desejo sincero de que seja feliz. E bem merece este anseio porque o novo ano nasce já embrulhado em assuntos muito sérios para gozar uma vida tranquila. A herança que lhe deixam não é leve. Primeiro vai ter um governo novo e, para tal, vai ter de suportar os incómodos da propaganda partidária que cada vez mais gira à volta de intervenções de “escárnios e mal dizer”. As soluções para as chagas nacionais vão ser substituídas por uma série de ofertas, na barraca de quem dá mais. Os problemas que tem de imediato são tantos e tão instantes que vai passar de criança a adulto sem gozar a infância. Afinal, onde vai ficar o novo aeroporto? No Montijo do jamais! E a recuperação do tempo dos professores, como vai ser pago? Dizem sim, os que disseram não até agora, que afinal há dinheiro. Como a cobra rastejam em qualquer terreno. Como vai resolver o problema da habitação, o conflito sempre latente com os médicos, enfermeiros e outros descontentamentos salariais e progressões nas carreiras? Na verdade herdou um fardo pesado e fica a saber, já é culpado antes de o ser. Tudo isto tem remédio; o problema, é que o remédio é caro. Mas vai tomar conta de um saldo orçamental invejável. Então, se há dinheiro toca a pagar aos professores, a aumentar aos médicos, a construir habitações a preços acessíveis, a contentar os demais descontentes da função pública, a localizar o novo aeroporto. Mas mesmo dando tudo, não chega. Não faz mal, então não há mais vida para além do orçamento? E para que serve o FMI? Para voltarmos ao tempo da troica e cruxificarmos depois aquele que teve de pagar as dívidas herdadas do governo Sócrates. Dar tudo a todos é uma maravilha, mas é preciso não desacertar as contas que António Costa acertou. Por isso, Ano Novo, abre a pestana e faz-te fino.