Imagine uma organização – Portugal, S.A. – onde um Director nomeado decide sobre a localização de estrutura essencial na política de transportes daquela, mas sem discutir com a administração, sem validação da opção e contra sua orientação, sendo imediatamente obrigado a retratar-se pelo erro tido como grave. Imagine que este Director, antes de entrar para a gestão da organização que passava um mau bocado por desmandos de amigos seus, defendia não pagar a quem devia fazendo tremer as pernas dos credores e estando a marimbar-se se o chamassem de irresponsável, mas para ascender nessa mesma organização já defende pagar tudo direitinho; primeiro afrontava tudo e todos, quando chegou à gestão e pretende subir à administração meteu a afronta no saco e toca a fazer tremer as pernas dos seus trabalhadores que despede ilegalmente ou corta salários. Imagine este Director executivo da “Portugal S.A.” autorizar por WhatsApp uma indemnização tida por ilegal de meio milhão de euros a um trabalhador de empresa associada e, confrontado pela sua assembleia geral, diz não se lembrar, ficciona um pedido de esclarecimentos para acabar por confessar o desplante. Imagine que este verdadeiro CEO exigiu aos accionistas um esforço contributivo de 3,2 mil milhões de euros (coisa pouca para aquele) sob promessa de devolução, mas parece que não vai ser assim. Imagine que defende, para chegar ao topo da administração, recuperar direitos retirados a parte dos accionistas com direito de voto, mas vota em assembleia geral o contrário. Imagine que o mesmo Director se apresenta a querer liderar essa administração apresentando a falsa imagem de vir de uma classe desfavorecida de sapateiros, mas em tempos aparecia em entrevistas a gabar-se da sorte de nascer num meio de privilégios. Imagine que é pessoa que vive de tal forma noutra realidade paralela que, perguntado sobre os salários dos trabalhadores da sua organização, confessa que não tem presente o valor do salário mínimo o qual é pago a 1/5 da massa laboral daquela. Imagine que com tudo isso, todos os erros, decisões revogadas, incompetência, atabalhoamentos e imprudências, esse alto quadro da organização foi como que obrigado a abandonar a gestão que fazia e agora, volvido quase nada, espera que os accionistas lhe concedam carta verde para presidir à administração. Se fosse acionista daria o seu voto a quem não consegue ser mero Director, mas pretende ser administrador de topo? Qual o futuro da organização se assim for? Ponha no lugar do Diretor Pedro Nuno Santos, no da organização o país, no da administração o governo e dos accionistas os Portugueses. Vai dar o assentimento a este para continuar o governo que ele tem por bom, de que fez parte e aceita o seu legado? Ouvimos António Costa, sem rir, dizer que é líder mais preparado do que o da oposição; desta preparação errante, troca-tintas, desgovernativa, da ferrovia atrasada e da habitação no caos. Uma herança de um governo que se vitimiza da justiça que deixou ao abandono, deixa ao desvario a saúde e ignora o pântano do SNS, a educação destruturada, os serviços públicos em mínimos desesperantes em contraponto a uma carga fiscal nunca tão castigadora. E sim, é culpa do partido socialista que nos últimos 10 anos governou 8, nos últimos 20 governou 16. Haja arrojo e agora escolha!
Para março de 2024, imagine e agora escolha
António Lima Martins
20 dezembro 2023