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NA “ESCOLA” SE APRENDE

 

 

Quando vejo alguns governantes do nosso país a saírem da Assembleia da República de “mochilinha” ao ombro, fico com a sensação de estar perante catraios da escola primária. O que me traz à memória a letra de uma canção do grupo musical “Os Quatro e Meia” que nos canta: “De mochila presa às costas / Com dez quilos, talvez mais / Tantas vezes fui à escola / Aprender coisas banais”. Prosseguindo: “Foi na escola que aprendi / Sobre plantas e animais / Dividi e multipliquei / com três casas decimais”. Do mesmo modo que, também, me fazem recordar a célebre comédia televisiva: “As Lições do Tonecas”, interpretada pelos saudosos Luís Aleluia (o aluno com propensão para o disparate) e Morais e Castro (o paciente mestre). Só que estes dois tipos de escola, há muito em desuso, deram lugar a outras. 

Ora, é nas “escolas partidárias das Jotinhas” que deveriam ser universidades para formação de estadistas sérios, competentes e eticamente verticais que estes alunos sem pasta – quais meninos rebeldes e traquinas –, após um breve tirocínio em cargos menores, começam a dar nas vistas. Mostrando a sua lábia e habilidade para iludirem os incautos. Ou seja, de que já sabem engrenar no seu discurso as promessas que sabem não poderem vir a cumprir, porque aptos à “marosca” ao seu encobrimento e sempre de consciência tranquila. Daí, terem aprendido a driblar a legalidade, a fim multiplicarem benesses e capitais. Porque depois de estarem na governação do país querem lá saber do zé-povinho. Interessam-se é pelo bem deles e do partido em que militam. 

 De resto, tal como diz a conhecida cantiga de “os putos”, tais formandos são como bandos de pardais a esvoaçarem o poder. De entre os quais uma espécie de “chefes de turma” a guiarem os novatos na visita de estudo ao cobiçado tesouro público. Ou não fosse, este, o cerne do historial de alguns deles em cerca de 50 anos de democracia. Sempre com a mansa loucura de jurarem, a pés juntos, que tudo farão para melhorar a vida dos portugueses mais desfavorecidos. E não é que, já, se perfilam uns quantos a cantarolar ao ouvido dos eleitores as melodias que, estes, mais gostam de ouvir? Estejamos atentos! Pois, na próxima campanha eleitoral, não só vamos ter juras de amor eterno à Pátria, como piadas secas uns aos outros. 

Se é na “escola” que se ensina e aprende, dois ex-Primeiros-ministros (ex-PM) houve, bem industriados na arte da esperteza e da mentira. Disciplinas de que este, último, se serviu para convidar alguns amigos seus para o Palácio de S. Bento onde, pelos vistos, se brincava aos bancos. Com algumas dezenas de milhares de euros depositados em livros e sabe-se lá mais no quê. Como se aquela instituição fosse uma caixa-forte, ou um paraíso fiscal desses amigalhaços do ex-chefe do Governo, agora em gestão.

Parece que a nossa democracia, depois que se empestou de políticos carreiristas, anda a perder qualidade devido à tendência para o dislate, em que aquilo que mais lhes interessa é não só deixar correr o tempo, como tirarem proveito das negociatas. Envolvendo-se em enredos dignos de um filme de polícias e ladrões, em que não faltam matérias para investigar ao nível das de um perspicaz Padre Brown, do “Fox Crime”. 

Não refeitos, ainda, do caso “Influencers” eis que vemos quatro milhões de euros a voar em medicação para duas gémeas luso-brasileiras e de mais uns milhares gastos numas cadeiras de rodas “top”. Enquanto, de permeio, há uma misteriosa carta que se eclipsou. Não sei, não vi, nem me lembro – é o que dizem os responsáveis políticos ligados ao assunto. Enquanto é dever do mero cidadão guardar documentos durante 10 anos. E depois queixam-se do populismo. Ou será que, até, o nosso Presidente da República, Marcelo, deixou de ser fiável? 

Entretanto, a que assistimos? Ao desplante de vermos dois socráticos, saídos do ex-executivo dos “casos & casinhos”, a pretenderem governar este país das cunhas e a colocarem Portugal ao nível de um estado latino-americano. 

 

 

 

Narciso Mendes

Narciso Mendes

11 dezembro 2023