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A Fisioterapia Desportiva e Mudanças Climáticas: Impacto nas lesões dos atletas

As alterações climáticas estão na ordem do dia, tendo sido, recentemente aprovado, na cimeira da ONU sobre o clima que decorre no Dubai - COP 28, a criação de um fundo para ajudar os países mais vulneráveis às alterações climáticas. Estas alterações impactam a vida de todos nós.

A interseção entre a fisioterapia desportiva e as mudanças climáticas revela um panorama complexo e multifacetado que influencia diretamente a saúde de todos, nomeadamente até o desempenho dos atletas. À medida que o clima global passa por transformações significativas, os profissionais de fisioterapia desportiva enfrentam novos desafios na prevenção, tratamento, e recuperação de lesões.

As mudanças climáticas afetam diversos aspetos ambientais que, por sua vez, impactam as condições em que os atletas treinam e competem, como exemplo; os períodos para hidratação nos jogos disputados com elevadas temperaturas. Deste modo, aumentos nas temperaturas médias, mudanças nos padrões de chuva e eventos climáticos extremos podem alterar drasticamente a dinâmica dos treinos e competições desportivas. Estas mudanças ambientais podem predispor os atletas a uma variedade de lesões, desde lesões por calor até lesões relacionadas com condições climáticas adversas.

A fisioterapia desportiva desempenha um papel crucial na adaptação dos atletas a essas novas realidades. Os fisioterapeutas precisam de estar atentos aos desafios específicos que as mudanças climáticas apresentam. Por exemplo, a elevação das temperaturas aumenta o risco de lesões musculares e articulares devido à desidratação e à fadiga mais rápida. Incrementa ainda o risco de eventos cardíacos devido ao aumento da frequência cardíaca consequente fadiga precoce, golpe de calor assim como alteração da eficiência cardiorrespiratória durante o exercício. Atletas que treinam em ambientes poluídos podem experimentar irritação das vias respiratórias, diminuição da função pulmonar e maior suscetibilidade a infeções respiratórias. Por outro lado, o aumento das concentrações de dióxido de carbono e as mudanças nos padrões de floração das plantas, podem contribuir para um aumento das alergias respiratórias afetando a capacidade respiratória dos atletas especialmente aqueles propensos a condições como a asma induzida pelo exercício.

É, por isso, fundamental uma avaliação cuidada dos mesmos não negligenciando a função respiratória assim como análise postural e avaliação de lesões musculoesqueléticas pré-existentes que podem ser agravadas em determinadas condições climáticas. Estas podem ser, eventos climáticos extremos, como tempestades e ventos fortes, podem criar condições propícias para lesões traumáticas durante as competições. Muitos de nós recordamos com certeza partidas de futebol em campos “encharcados” e que causaram lesões de maior gravidade aos atletas.

A prevenção torna-se, assim, a prioridade. Os fisioterapeutas desportivos devem desenvolver estratégias específicas para proteger os atletas contra os riscos ambientais. Isso inclui a implementação de programas de treino adaptados às condições climáticas locais, a monitorização constante da hidratação dos atletas e a promoção de práticas seguras durante eventos desportivos sob condições climáticas adversas, assim como educação sobre a importância da saúde respiratória.

Em suma, a interseção entre a fisioterapia desportiva e as mudanças climáticas destaca a necessidade de uma abordagem holística na gestão da saúde e do desempenho dos atletas. Ao reconhecer e enfrentar os desafios específicos associados às condições climáticas em evolução, os fisioterapeutas desportivos podem desempenhar um papel crucial na promoção de práticas desportivas sustentáveis e na proteção da saúde a longo prazo dos atletas.

Andrea Ribeiro

Andrea Ribeiro

7 dezembro 2023