I – «Isto é que vai uma crise!»(1)
Estamos a viver tempos conturbados. Não percebo muito de política(s). Mas vejo e oiço o que se passa neste país e pelo mundo fora. Intra-muros, desde que me conheço, já passei pela ditadura do Estado Novo, que teve apoiantes e opositores, e estou a viver numa “ditamole” (julguei eu que tinha inventado a palavra, mas há tempos vi-a na internet, referindo-se à nossa política da segunda década deste século XXI. “Old wine, new bottles” [“vinho velho, garrafas novas”]. Em bom português, educado, “mudam as moscas, mas a porcaria é a mesma”.
Se eu tivesse o poder por um dia, decretava duas leis. Primeira: em eleições legislativas a abstenção deveria contar como um partido, ter direito aos respectivos lugares vazios na Assembleia da República; e já agora que o correspondente vencimento e pensão fossem aplicados em benefício de situações, ou entidades mais necessitadas; segunda: No caso de nenhum partido ter maioria absoluta, os dois partidos mais votados teriam de se coligar para formar governo.
Com esta “segunda lei” deixaríamos de assistir à tragicomédia de os partidos que governam se vangloriarem que o positivo é obra sua, e que o negativo o é do(s) seu(s) antecessor(es) do “clube adversário”.
(1) Final, em bis, de “Agostinhos”, rábula humorística de índole política, interpretado por Ivone Silva/Camilo de Oliveira. Ano 1981.
II – Black Friday
Estamos em altura de “Black Friday”. Comércio que se preze, anuncia preços anormalmente baixos (sê-lo-ão?) nas suas vendas. As pessoas são “bombardeadas” com publicidade. E muitas acabam por ficar consumidas de tanto consumir. Mas nem toda a gente saberá explicar como e onde surgiu este apelo a um maior consumismo.
Black Friday (sexta-feira negra) é uma onda comercial surgida nos Estados Unidos. Inaugura a temporada de compras natalícias com significativas promoções e descontos no comércio. É um dia depois do «Dia de Acção de Graças» (comemorado na quarta quinta-feira do mês de Novembro). Esta promoção veio a estender-se pelo mundo.
A Black Friday é uma das datas mais importantes para o comércio, na medida em que representa óptimas oportunidades de compra para os clientes e consequentes vendas para os comerciantes. É previsível que a facturação nesta época seja compensadora, relativamente às vendas do resto do ano. Este é o anverso da medalha; a qual não deixará de ter o seu reverso. Alguns lojistas elevarão deliberadamente o preço dos produtos antes da Black Friday para o poderem anunciar mais baixo durante esta época.
Como complemento ao evento, existe a “Cyber Monday”, que é um dia dedicado às compras pela Internet e que é celebrado na segunda-feira depois da Acção de Graças.
III – Dia de Acção de Graças
Recuando até aos anos vinte do século XVII, na História religiosa de Inglaterra, dentro dos seguidores do puritanismo religioso surgiu uma facção separatista. Para fugir à perseguição dos mais radicais, este grupo largou velas do porto de Southampton, rumando direcção à América do Norte. Embarcados no navio Mayflower, os “Pilgrim Fathers”, peregrinos, arribaram a Plymouth Rock em 11 de Dezembro de 1620. E aí estabeleceram a sua colónia.
O local era para eles inóspito, sem condições, inabitável. Por este motivo, o grupo, de cerca de cem colonos, ficou reduzido a metade. Mas, com a ajuda dos índios da região, aprenderam a cuidar melhor das suas colheitas e a sobreviver ao frio do primeiro Inverno no "Novo Mundo". No verão de 1621, conseguiram produzir uma colheita abundante, facto que os levou a organizar um festival de 3 dias para comemorar o evento e para mostrar a sua gratidão aos nativos pela sua ajuda. Os índios foram convidados a comparecer a um grande banquete. Assim nasceu a tradição, que se mantém viva até aos dias de hoje. É o chamado Dia de Acção de Graças (Thanksgiving), que tem sempre lugar na quarta quinta-feira do mês de Novembro.
Nota: Fui aos meus canhanhos de Inglês do 6.º ano liceal, em 1960/1961, tirei umas “teias d’ aranha” a este assunto, a fim de o escrever “limpo”.