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Os Seminários são os lançadores de sementes que frutificam a Igreja (14)

Nestas 14 crónicas que tenho escrito sobre o que é viver num Seminário, a formação que se adquire, também é dignificante sabermos a maneira de lá chegarmos. Ao ler alguns testemunhos no jornal “Voz da Esperança,” reparei que, grande parte, assume este compromisso de entrar nestas casas, tendo em conta vários intervenientes: a família, o pároco, os professores de Educação Moral Religiosa Católica, a comunidade envolvente, os amigos mais próximos e tantas outras circunstâncias. Uma simples pergunta pode fazer nascer uma vocação sacerdotal, como foi o caso do avô materno do seminarista Diogo Fernandes que, numa das suas caminhadas, em conjunto, para a escola, lhe perguntou: – Tu que és uma pessoa muito sossegada, não queres entrar para o Seminário? Esta pergunta Divinal entrou logo na mente deste jovem que, no meio das suas grandes dúvidas, sem conhecer, nem perceber a vida de um Seminário, jamais parou, começando a sua caminhada abeirando-se das pessoas em quem mais confiava, questionando, posteriormente, o seu professor de Educação Moral Católica para saber em que consistia o Seminário. Após uma longa conversa, ficou a ter já uma ideia daquilo que seria o seu futuro, dirigindo-se ao seu pároco que o ajudou a frequentar o Pré-Seminário onde se apercebeu, refletiu e viveu o discernimento que necessitava para tomar a sua decisão. Hoje, é um Seminarista que diz: «apesar de todas as minhas incertezas (o futuro a Deus pertence), sigo em frente no caminho vocacional, seja qual for o projeto de felicidade a que o Senhor me chamar.»

 O Seminarista Adélio Duarte, a frequentar o terceiro ano de Teologia (etapa do discipulado), no Jornal já referido, explica que surgem muitas perguntas de terceiros quando descobrem que frequentamos o Seminário: o que é o Seminário? O que fazem? Para que serve? Nada melhor, segundo ele e que eu compartilho, do que a resposta de Jesus aos discípulos: «Vinde e vereis.» Este seminarista não se admira de todas essas interrogações que são feitas a quem vive a realidade destas instituições, porque era isso que pairava anteriormente no seu ser. Eu próprio vivi essa realidade entre antes e após o conhecimento de facto destes extraordinários espaços de formação e que, hoje, ainda vivo a alegria de ter frequentado o Seminário.

 Adélio Duarte diz que «é certo termos um ritmo diferente do que têm outros jovens. Contudo, podemos continuar a ser jovens sem nos esquecermos de que estamos numa casa de formação e que, muito naturalmente, tem dinâmicas próprias. Efetivamente, o Seminário apresenta-nos várias propostas de crescimento nas mais diversas dimensões, nomeadamente a humana, a espiritual, a intelectual e a pastoral…» São vertentes que continuarei a desenvolver nas próximas crónicas.

 Outro testemunho que, no mesmo jornal, li e admirei diz respeito ao aluno, Carlos Furtado, a frequentar o 5.º ano de Teologia (etapa da configuração) que falando da alegria da vocação vinda de Deus, refere ser a «concretização da resposta dada com disponibilidade e generosidade. É um chamamento à felicidade.». Mais uma prova da vivência e acompanhamento de pessoas que são o trampolim para se experimentar, entrando nestas casas para o amadurecimento de uma vocação sacerdotal. São guias do nosso caminhar, orientando-nos a traçar o nosso futuro. 

 Este Seminarista, com 32 anos de idade, da paróquia de S. Martinho de Outeiro Maior do Arciprestado de Vila do Conde/Póvoa de Varzim, menciona que foi nesta comunidade, tendo em vista a sua família e todo o contexto vivido à sua volta e, ainda, o seu envolvimento na vida paroquial como catequista, acólito, membro do grupo de jovens e do coro, que surgiu esta vontade e esta felicidade de ser um dia sacerdote entrou nos seus ideais. 

 Segundo o mesmo Carlos Furtado, as dúvidas pairavam, os bloqueios eram constantes, pois já trabalhava, já tinha o mestrado finalizado, o seu futuro estava minimamente traçado e, como tal, achava que esse tempo de entrar no Seminário tinha passado, mas com os desafios constantes, propostos pelo seu novo pároco para conhecer o Seminário, percebeu, in loco, que ali havia alegria, simpatia, vivacidade, descontração. Sentiu uma comunidade feliz. Assumiu, frequentou o Pré-Seminário, durante o qual começou a derrubar os seus medos, as suas dúvidas e a ver que, realmente, Deus estava a chamá-lo a ser Seu apóstolo. Vai, com certeza, acontecer, porque continua a ser firme ao chamamento do Senhor da Messe, estando, segundo ele, confiante e feliz com o caminho que escolheu.

Deus quando quer, tudo acontece e, nós, sigamos o Seu chamamento, cada um segundo as suas capacidades, mas saibamos ser acolhedores e responder a tudo aquilo a que formos chamados.

Salvador de Sousa

Salvador de Sousa

22 novembro 2023