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“Contornos” de duas efemérides

 

 

 

Em minha modesta opinião, direi que se o “25 de abril de 1974” foi a Revolução dos Cravos Vermelhos, o “25 de novembro de 1975” foi o momento que os levou a descorar. E tão desmaiados ficaram, que mais parecem cor-de-rosa. Uma espécie floreira que vem medrando até aos dias de hoje. Ora mais retinta, ora mais desbotada, conforme dá mais jeito a alguns dos nossos políticos. 

Contudo, neste território à beira-mar plantado, ambas as datas deram origem a uma democracia que não admite flores diferentes ou, em vez delas, um pomar de frutos sumarentos e saborosos, tais como: meloas, nêsperas, diospiros, etc., se bem que há quem, e, nome do pluralismo, teime nas laranjas. 

 Ora, é precisamente no próximo sábado que se comemora o “25 de novembro”, em relação ao qual se esgrimem argumentos quanto à sua evocação, ou não. Porém, aquilo que eu gostava é que o país tivesse governantes competentes, honestos e capazes de o desenvolverem, através duma economia robusta e saudável, com bons serviços públicos e dignidade nos salários e nas pensões por velhice. 

 De resto, já todos sabemos que o “25 de abril” foi capturado por muitos oportunistas. Daí, vermo-los saírem à rua a comemorá-lo sob bandeiras rubras e entoando “o povo é quem mais ordena”. Resquícios de uma onda ‘bolchevista soviética’ que, graças à existência de um Partido Comunista, vai medrando por cá como paga da resistência contra a ditadura. Mas que em 74/75 deixou bem claro ao que vinha: implantar outra e sovietizar o país, como tentou com as ex-colónias. 

 Tendo sido justamente por causa desse desvio revolucionário, que um punhado “novembrista” de militares, deitou por terra as aspirações do dr. Álvaro Cunhal em criar um comunismo à portuguesa. Cujos camaradas, a ele afeto, passariam a chamar fascista e reacionário a quem dele discordasse. Sendo por via disso que o dr. Mário Soares foi à Alameda da Fonte exigir a correção ao rumo político da nação. Não sem a desbaratar, a seguir. E ora com a rosa, ora de punho fechado, lá foi convencendo os eleitores de que o socialismo é fixe. Mas será que alguém conhece um país socialista em que não haja desigualdades, pobreza e corrupção?

Com efeito, estão em marcha os festejos das bodas d’ouro do “25 d’abril”, com elevadas doses de doutrinação, dirigidos por muitos dos admiradores do “PREC” e amantes da “geringonça”, os quais tudo farão para manterem a sua retórica “marxista”. Aliás como temos visto com as seletivas escolhas de material cultural com que a rapaziada, dita democrata, aliena as massas. O que é caso para parafrasear o saudoso Vasco Santana, a respeito dos chapéus: “democratas há muitos”. Até mesmo os da R. democrática alemã, de má memória, muro alto e obediente a Moscovo.

 É que se não fossemos tendo quem se oponha às incursões de certa “maralha” – freando o rumo por onde continua a tentar levar-nos – o nosso historial faria, já, pendant com a de Venezuela, Cuba, ou Coreia do Norte. Por isso, façam meia culpa aqueles que andam sempre com a divisão da sociedade portuguesa no bico. Porque se fratura existe ela deve-se – e muito – a essa “malta” que, de punho erguido, ataca o “25 de novembro”.

Termos tido, quem não se enconche e vá denunciando a subserviência a que está devotada alguma da nossa Comunicação Social e exponha os fretes que faz aos detentores do poder; e, sem rodeios, nem e leveza na pena, continue a apontar as reais causas do estado a que o regime chegou. 

 É que já se faz tarde varrer com a “vampirada” que – depois de estoirar rios de dinheiro dos contribuintes e da Europa – vai deixando Portugal adiado e na cauda europeia. Ou será que a tal ética republicana é o presente desfilar de suspeitos da “marosca”, impunes e de sorridente gozo no rosto? É isto, e tudo o mais, que se pretende celebrar?

Não, pessoal, o povo português já foi consensual quanto aos “contornos” das duas efemérides. Hoje não é. Pelo menos, enquanto uma delas tiver donos e flor for de uma só cor.

 

 

 

Narciso Mendes

Narciso Mendes

20 novembro 2023