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Não há duas sem três

 



 


Os acontecimentos da política nacional no momento, conturbados e até incompreensíveis, só confirmam o ditado popular na sua plenitude: “não há duas sem três”. É verdade! Nos últimos 22 anos, o país conheceu três períodos gravosos para a sua vida colectiva. Momentos complicados, corroídos de coisas más, enxameados de políticos tóxicos, provocaram danos na democracia, na vida tranquila dos portugueses e na imagem do país. O país saiu, mais uma vez, chamuscado e descredibilizado. É sempre um voltar à casa da partida com fortes penalizações. Uma desgraça!

 


1 - As governações têm sempre os seus períodos de desgaste, de cansaço e de rotinas muito batidas. Chega-se a um ponto que tudo é velho, repetitivo e desorientado. É preciso, por isso, proceder-se a mudanças de actores, de políticas, de entusiasmo, de inovação. A alternância dos poderes é sempre bem-vinda para a democracia. Em momentos de crise profunda, é preciso que o eleitor diga “basta” através do voto para se efectivar a mudança necessária. Ainda bem que a democracia tem estas virtualidades. Esta luz. Esta dimensão. De tempos a tempos (legislatura), é preciso injectar sangue novo, outras ideias, outro ímpeto, outro rumo. É benigno para o regime receber lufadas de ar fresco para arejar o ambiente poluído e a cheirar a mofo. É o que está a acontecer agora.

2 - Depois de um período de grande crescimento económico – governação de Cavaco Silva – com a modernização estrutural do país a vários níveis com destaque para o sector rodoviário, o país entrou num período de falsas esperanças e de eficiências defeituosas. Com Cavaco Silva, a convergência aos índices de desenvolvimento da Europa, rica e competitiva, foi notória. Houve, efectivamente, avanços sociais, económicos e de estabilização política. 

3 - O pântano guterrista – O primeiro momento de retrocesso social e económico - No tempo de Cavaco, o governo entrara em desgaste por causa das “lapas” parasitárias. Apareceu, naturalmente, António Guterres para dar um novo élan à vida política nacional. Baseou a mudança no diálogo inter-partidário e na prioridade (paixão) na Educação. Os dois pilares de Guterres faziam sentido – Diálogo e Educação – para quebrar as correntes do conformismo, do amiguismo e, ao mesmo tempo, “educar” e preparar as pessoas para outros desafios mais arrojados e futuristas. A qualificação da massa trabalhadora era um forte investimento na inteligência, know-how, e na capacidade do “saber fazer” dos portugueses. Tudo muito bonito e muito aceitável, só que, e mais uma vez, os pecados do poder – o favoritismo, o clientelismo, o nepotismo – vieram ao cima e marcaram a sua primeira legislatura. Nada adiantou estabelecer e “impor” a regra: “No jobs for the de boys”, uma vez que a “boyada”, ávida das mordomias do poder, encarregou-se de destruir as ideias bonitas de Guterres. O resultado desta governação patética e do “Queijo Limiano” foi a criação de um pântano político, social e económico, problema que se projectou para a governação seguinte conotado com “um país de tanga”. 

4 - A bancarrota socrática – o segundo momento de retrocesso social, económico e também financeiro - Ainda está bem na memória de todos o período triste da Troika. Este tempo confrangedor não pode e nem deve ser esquecido ou desvalorizado. Tem que estar sempre presente e servir de modelo reflexivo para não se cair nos mesmos erros que tantos danos causou ao país, às empresas e, fundamentalmente, às pessoas. Período negro em que tivemos gente estranha a comandar os nossos destinos. Os destinos já tristes e intranquilos dos portugueses. Uma vergonha que demonstrou irresponsabilidade, impunidade e inconsciência por parte de gente completamente irresponsável e abusadora das fragilidades de um povo.

5 - O empobrecimento e o desnorte costista – o terceiro momento de retrocesso social e de degradação da imagem do país – Um “governo” inquinado por casos e casinhos. De optimismos irritantes e de propagandas. Intoxicado de promessas, obviamente, incumpridas e de esperanças vãs. Um “governo” sempre enrolado em novidades confrangedoras e incompreensíveis. Desta vez, foi o próprio António Costa a pôr-se ao fresco para evitar ser trucidado pelos pecados da sua intervenção no governo majoritário e das tropelias dos seus correligionários. Toda a gente do poder perdeu o tino. O fingir, o desvalorizar, o descentrar os problemas não deram bons resultados. Chegou-se a um ponto de completa desorientação governativa. 

Isto não é governar, nem gerir destinos. Isto é desacreditar. É contribuir para o amesquinhamento da democracia. Isto é dar oportunidade às linhas extremistas para apoucar o regime. Seria bom que, no futuro, se pudesse evitar a quarta podridão neo-socialista! Espero que sim!

Armindo Oliveira

Armindo Oliveira

19 novembro 2023