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Balanços na Saúde

À medida que nos aproximamos do final de mais um ano, é inevitável mergulhar nos tradicionais balanços, examinando as páginas do capítulo que foi 2023, especialmente, neste fórum, no que tange à saúde. 

Este é o momento em que os números se transformam em narrativas, as estatísticas contam histórias e os desafios se transformam em oportunidades. 

Ao refletirmos sobre os balanços na saúde, é imperativo reconhecer a complexidade do cenário em que nos encontramos. O ano que em breve se encerrará, ficará marcado por uma intricada teia de avanços notáveis, desafios inesperados e inovações transformadoras que moldaram o panorama do bem-estar coletivo em Portugal.

Neste capítulo da saúde, as dificuldades políticas e profissionais agravaram os desafios, que agora se revelam mais estruturais do que conjunturais. A necessidade premente passa por avaliar de maneira crítica as políticas implementadas, examinar as metas atingidas e aquelas que ficaram por cumprir, identificando também as necessidades não colmatadas que clamam por maior atenção.

A reforma introduzida em 2023, que inclui a criação da Direção Executiva do SNS, marcou profundamente o ano, no entanto a sua eficácia e coordenação com o Ministério da Saúde, ainda carecem de evidências claras. Alertar, rotulando os meses que atravessamos como "os mais críticos da história do SNS" é manifestamente insuficiente; é preciso enfrentar de frente a realidade e encontrar soluções eficazes para os desafios persistentes.

Diz o povo que “há que dar tempo ao tempo”, no entanto os desafios são crescentes e persistentes e, de igual forma, o “tempo não volta para trás”. 

O subfinanciamento contínuo do SNS emerge como uma questão crucial que impacta a qualidade dos serviços de saúde, refletindo-se na escassez de recursos e equipamentos. A relação tumultuosa com os profissionais de saúde, somada à crescente dificuldade no acesso a serviços, até agora circunscritos a áreas mais remotas do país mas hoje de forma absolutamente disseminada, salienta a urgência de ações corretivas.

Apesar dos obstáculos, vale a pena sublinhar que o compromisso com a saúde é visível, muitas vezes impulsionado pelo envolvimento ativo dos profissionais. Programas de prevenção da doença e promoção da saúde, juntamente com o suporte ao acesso a medicamentos essenciais, mostram um caminho positivo.

Contudo, se o balanço das políticas de saúde em Portugal revela algumas conquistas, os desafios persistem. O sucesso futuro dependerá da capacidade de superar lacunas e ineficiências, investir estrategicamente e promover uma abordagem colaborativa entre os diversos atores envolvidos, ultrapassando estigmas e ideologias, incluindo a discussão sobre o papel das parcerias público-privadas.

O compromisso contínuo com a melhoria do sistema de saúde é fundamental. Somente através de esforços persistentes e abordagens colaborativas, sem perder de vista as necessidades reais da população, podemos aspirar a um futuro mais saudável e resiliente para todos os portugueses. O desafio é grande, mas a saúde é um investimento inestimável e o caminho para aprimorá-la deve ser um compromisso coletivo.

Mário Peixoto

Mário Peixoto

18 novembro 2023