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Liberdade religiosa

Isabel Vaughan é uma mulher católica que vive em Birmingham e que a polícia britânica já prendeu duas vezes no último ano por rezar interiormente diante de uma clínica abortista dessa cidade.

A primeira vez foi em dezembro de 2022. Estava parada diante da clínica e não tinha nenhum cartaz nem estava a falar com ninguém. Nesse momento, a clínica estava fechada e ela, com as mãos nos bolsos, estava quieta a olhar para o edifício.

Algum tempo antes, o município de Birmingham tinha aprovado a “Ordem de proteção dos espaços públicos locais” que proibia atividades de protesto contra o aborto em certas áreas: não se podia rezar, recitar passagens da Bíblia ou dar informações sobre centros de ajuda a mulheres grávidas (não fosse isso afastar algumas do “bom caminho”).

Assim que, quando Isabel estava quieta com as mãos nos bolsos e a olhar para o edifício, dois polícias se aproximaram e perguntaram-lhe se estava a rezar. Ela respondeu que sim e acrescentou: “Não estou a protestar. Tudo o que estou a fazer é rezar em silêncio”. Foi presa e libertada mais tarde. E o mesmo voltou a acontecer quatro meses depois, em março.

Rezar não é nenhum crime de ódio.

Agora, que tanto se insiste em respeitar a identidade e a liberdade de cada um, parece que a única coisa que não se respeita é que uma pessoa tenha convicções religiosas.

O direito à liberdade religiosa é um dos direitos mais fundamentais que manifestam o respeito verdadeiro pela pessoa humana. Esse direito deve ter os seus justos limites, que salvaguardem que não seja utilizado contra o bem comum.

Não parece que rezar diante de uma clínica sem incomodar ninguém vá contra os justos limites dessa liberdade religiosa.

Parece que, em nome da tolerância, se aceita tudo hoje em dia, exceto que uma pessoa assuma as suas convicções religiosas. Isto não é justo de nenhum ponto de vista.

Nós, os cristãos, não somos cidadãos de segunda categoria. Oxalá não deixemos de protestar nestas situações. Se respeitamos a liberdade de tantas pessoas que pensam de um modo diferente do nosso, também devemos pedir que respeitem a nossa.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

14 novembro 2023