Já muito se falou, se escreveu e filmou sobre as desgraçadas contas do estádio municipal de Braga que, a par do financiamento dos relvados sintéticos em diversas freguesias, correspondeu a um dos atos de pior gestão pública praticados em Portugal após o 25 de abril de 1974.
O financiamento destes dois equipamentos, cuja valia não se discute, mas discute-se, isso sim, os modos incompetentes do seu financiamento.
É bom que os bracarenses saibam que, durante estes dez anos de mandatos, os pagamentos destes dois equipamentos municipais consumiram cerca de metade da verba que Braga tem para despesas de investimento, ou seja, o resto do investimento em Braga só pode ser suportado por metade das verbas orçamentadas.
A totalidade dos custos inerentes ao estádio municipal, como informou Ricardo Rio, custa mais 10 vezes que a conclusão da Variante do Cávado e a intervenção do Nó de Infias, mais 15 vezes o investimento no PEB, mais 30 vezes que o custo do Mercado Municipal e mais 50 vezes o investimento na expansão do Parque Desportivo da Rodovia.
Foi um custo demasiado grande para uma cidade que tem outras prioridades, outras necessidades e outras urgências.
Se ainda se fala nisto dez anos após o mandato do atual executivo, é porque durante estes dez anos, esta situação, todos os dias, se repercute na atividade do município.
O investimento na cidade foi principalmente conseguida por uma boa gestão económica e financeira por parte do executivo presidido pelo economista Ricardo Rio, que conseguiu diminuir a dívida municipal e, com isso, conseguir empréstimos equilibrados com uma ótima utilização dos fundos comunitários.
A título de exemplo, o financiamento aprovado na ultima Assembleia Municipal para a continuação da reparação de dezenas de vias degradas no nosso município, só foi possível devido á finalização do pagamento este ano do estádio municipal.
Concentremo-nos agora no Estádio Municipal. Estando concluindo o pagamento da sua construção – faltando as sentenças condenatórias – a opção mais adequada ao interesse dos bracarenses é a sua venda por um valor moralmente justo, já que nunca será possível fazê-lo com lucro. Cento e noventa mil euros é demasiado valor para o estádio mais caro de Portugal – e dos menos rentáveis – além de nem servir para os Campeonato do Mundo, pasme-se!
O Sporting Clube de Braga – que tem em António Salvador um dos mais competentes dirigentes desportivos de Portugal, senão o mais competente, considerando o estado do Braga no inicio das suas funções e o seu estado atual – é um clube ligado umbilicalmente à cidade e cujo engrandecimento a beneficia, como acontece, em relação aos seus clubes de futebol, cidades como Paris, Madrid, Barcelona, em Vigo, Lisboa, Bruges, Porto, etc..
Aquando do primeiro programa do Trio de Quatro na DMTV – televisão on line do Diário do Minho – tive ocasião de sugerir a António Salvador que, em vez de comprar e investir no estádio 1.º de Maio, como na altura pretendia, que, ao invés comprasse, o estádio municipal. Venda essa impossibilitada pela Câmara Municipal e Direção Geral do Património por o 1.º de Maio ser um Monumento de Interesse Público.
Hoje, de novo, se coloca essa questão em cima da mesa. Aliás onde iria jogar o Braga se o estádio municipal saísse da sua órbita, somado ao facto de o Presidente da Câmara já ter anunciado que não pagaria obras de manutenção?
Atendendo ao custo – e ao sacrifício – que o pagamento deste recinto desportivo tem para a população de Braga, ao respeito e moralidade pela gestão publica e pelo dinheiro público, o preço da sua venda terá de incorporar vários fatores.
Nunca poderá ser invocado o que aconteceu em Guimarães – onde o estádio foi cedido ao Vitória por um euro – dada as circunstâncias serem completamente diferentes.
Se o clube estaria disposto a comprar e intervir no Primeiro de Maio por 60 milhões de euros, então poderá muito bem adquiri-lo, pelo menos, até metade desse valor. E vinco bem a palavra “até”.
Só assim o respeito pela contribuição dos munícipes ao longo destes anos para o estádio municipal será respeitado, algo que o Sporting de Braga não se deverá alhear e que o município terá de acautelar.