O escrutínio sobre os opositores ao Estado Novo, envolvendo centenas de protagonistas no distrito de Braga, carecia, há muito, de uma sistematização que verá agora a luz do dia, através da comissão executiva, presidida por José Manuel Mendes, tendo como figura maior, na qualidade de presidente honorário, o Dr. José Sampaio. A escolha é natural, faz sentido e responde a um dos objetivos que presidiu à criação no distrito de uma comissão mais alargada que aquela para a criação das condições de homenagem que a região deve às centenas de mulheres e homens, a maioria dos quais desconhecidas de grande parte dos cidadãos. O anúncio da sua constituição foi feito a 28 de abril, na Assembleia Municipal de Braga, dias antes da homenagem prestada a Salgado Zenha. Foi um dia feliz para este projeto delineado o ano transato com o Dr José Manuel Mendes que aceitou o repto que lhe lancei. A questão que se colocou a seguir era a de saber quem podia constituir esta comissão que seria encarregue de outorgar os nomes das e dos democratas. O que parecia difícil, face às sensibilidades políticas em presença, tornou-se fácil, ao utilizar-se um critério justo e claro: convidar quem nas últimas décadas se dedicou a estudar e a identificar militares, advogados, comerciantes, sindicalistas, sacerdotes, operários, estudantes e tantas e tantos que deram o seu contributo, com mais ou menos protagonismo, mais à esquerda ou mais à direita, agnósticos ou devotos, para que a Democracia e a Liberdade triunfassem. Os escolhidos têm obra feita: Artur Ferreira Coimbra é autor da obra “Desafectos ao Estado Novo - Episódios da Resistência ao Fascismo em Fafe”; Artur Sá da Costa, Viriato Capela, Henrique Barreto Nunes com a colaboração de Vítor Pinho escreveram e publicaram a obra “Democratas de Braga”; César Machado, de Guimarães, é autor da obra “Guimarães, Daqui Houve Resistência” e Filipa Sousa Lopes, em Famalicão, é autora de duas obras sobre a resistência naquele concelho intituladas : Momentos da Oposição em Famalicão (1945-1958). e Momentos da Oposição em Famalicão, 1959-1973 (II Parte). A estes acresce o nome incontornável do professor e investigador da Universidade do Minho, Lopes Cordeiro e Vítor Louro, cujo contributo para a preservação da Memória coletiva, tem sido fundamental, recordando aqui o seu trabalho para que a vida e obra do seu pai, Vítor de Sá, não caísse no esquecimento. É autor, conjuntamente com Henrique Barreto Nunes e José Viriato Capela da obra “O que tinha a fazer, está feito. Fi-lo como pude”. Victor de Sá in Memoriam. Eis, portanto, a lista de um conjunto de Democratas com uma visão transversal da história recente do país e da região, estimulados pelo sentido de dever e imbuídos desta vontade imensa de reparar uma injustiça que, por vezes, os caminhos da Democracia remetem para o esquecimento. O trabalho, facilitado pelas suas obras e investigação, está longe de estar terminado; todos os dias aparecem propostas e/ou referências para que sejam incluídos outros nomes na longa lista já escrutinada. É o caso de Clara Cabral que nos escreveu sobre a história do Avô, cuja biografia está a escrever. Foi candidato às eleições de 1965, por Braga. Chama-se José Alberto Rodrigues. O seu nome não figurava no escrutínio inicial, mas já está referenciado. Cara leitora ou leitor: se conhecer alguém que tenha desenvolvido trabalho na resistência ao Estado Novo e tem dúvidas sobre se o seu nome consta da já longa lista, não hesite e entre em contacto connosco através do email [email protected]. Agradecemos o contributo. Obrigado.