CUIDADOR, aquele que cuida, ou o que é zeloso, diligente; Pessoa que presta assistência de forma continuada ao indivíduo dependente ou incapaz de realizar alguma(s) ou todas as suas atividades diárias.
Tarefa exigente "ser cuidador", em que mais do que "Cuidar na Dor", se espera que o ato seja "Cuidar com Amor".
Cuidar na dor: transporta-nos para um cenário mais negativo, como um fardo, peso, obrigação... Cuidar com Amor, por sua vez, subentende maior leveza, entrega espontânea e genuína. Contudo, nos dias de hoje, ser Cuidador, particularmente se assumido numa posição de cuidador informal de longa data, transforma aquilo que teria iniciado com Amor, numa situação constante de Dor para quem cuida.
Os Cuidadores Informais na maioria das vezes são familiares diretos como pais, filhos, cônjuges, sendo que, por esse motivo, os próprios não se identificam como cuidadores. É suposto os pais cuidarem dos filhos; é natural que após toda uma vida conjunta, o marido (ou esposa), cuide do cônjuge mais debilitado, pois a promessa foi "até que a morte nos separe"; é esperado pelos pais que tendo dedicado tanto de si aos filhos, na fase de maior debilidade, um dos filhos se assuma como o cuidador... Ora, este ato de cuidar exercido de forma continuada, todos os dias da semana, todas as horas do dia, leva inevitavelmente a um desgaste físico e emocional, por maior que o Amor seja.
Existe, desde 2019, o Estatuto do Cuidador Informal. Um estatuto tão desejado por muitos. Havia uma enorme esperança de que este viesse trazer alguma garantia e tranquilidade a quem exerce o papel de cuidador. No entanto, até ao momento, ainda não nos foi possível assistir na prática a um apoio efetivo e/ou alívio geral nas tarefas de cada cuidador.
Das maiores necessidades mencionadas pelos Cuidadores Informais sempre foi "tempo de descanso". Na verdade, mesmo antes da definição Estatuto do Cuidador Informal, estava já prevista a possibilidade de encaminhamento da pessoa cuidada para a Rede Nacional de Cuidados Continuados, pelo motivo "descanso do cuidador". No entanto, o acesso a este apoio sempre foi extremamente deficitário, levando ao desespero de muitos.
À data de hoje, num cenário tão negativo quer no setor social, quer no setor da saúde, é necessário criar parcerias, unir esforços, traçar estratégias conjuntas, de forma a que se possa fazer mais com o pouco que se tem.
A ACFAB - Associação de Cuidadores Familiares e Amigos de Braga acredita que para se traçar qualquer estratégia tem que se conhecer minimamente a realidade existente no momento. Nesse sentido, temos um questionário preparado para lançar brevemente, com o intuito de perceber o retrato concelhio no que concerne à tipologia de cuidadores informais e pessoas cuidadas: quais as principais necessidades sentidas; se já solicitaram o Estatuto do Cuidador Informal; se têm algum tipo de apoio, etc.
Sabemos que o cansaço extremo e as situações de desespero levam a incidentes, lapsos, intercorrências, agudização de doenças, internamentos hospitalares, entre outros, sendo que, o Cuidador tem que gerir muitas vezes nestas circunstâncias um misto de emoções que oscilam entre a culpa e o alívio. A culpa de não ter conseguido evitar a situação de agudização de doença e o alívio de durante aquele tempo de internamento, poder finalmente ter "algum" descanso. Quem pode responsabilizar este ser humano pela dualidade de emoções sentidas nestas circunstâncias?? NINGUÉM.
A Direção da ACFAB, com funções assumidas desde Junho de 2023, definiu como foco para este mandato contribuir para "Dignificar a Arte de Cuidar", em que, quer a posição do cuidador deve ser compreendida e salvaguardada, quer a situação da pessoa cuidada.
Deste modo, é nossa intenção criar redes de parceria, reunir o máximo de informação, esforços e apoio para que todas as partes se sintam acolhidas e para que possamos então contribuir para a redução do peso do ato de cuidar.
Porque de certa forma TODOS somos cuidadores, familiares e/ou amigos, então, unamos os nossos corações num sentido de propósito maior, capaz de contribuir para um cuidado mais digno para todos os intervenientes.