Comunicar é um ato que caracteriza o ser humano. Ao longo da existência da nossa espécie que vimos desenvolvendo as nossas capacidades comunicativas, as quais permitiram certamente o nosso domínio do Mundo, acima de todas as outras espécies. Caso Descartes vivesse nos nossos dias, talvez substituísse o célebre “penso, logo existo” por um “comunico, logo existo”.
Independentemente do juízo que cada um faça, os dados que partilhamos neste pequeno artigo são bastante elucidativos relativamente ao tipo de utilização que fazemos atualmente da Internet.
De facto, de acordo com dados revelados muito recentemente pela Autoridade Nacional das Comunicações (ANACOM), a taxa de penetração dos clientes residenciais de banda larga fixa no primeiro semestre de 2023 (1S2023) foi de 92,2 por cada 100 famílias, mais 2,9% do que no mesmo período do ano anterior. O número de acessos de banda larga fixa (BLF) atingiu os 4,5 milhões de acessos. A fibra ótica é atualmente a principal forma de acesso à banda larga fixa, representando 65% do total de acessos (os restantes distribuem-se pelo cabo com 26%, as redes móveis com 5,4% e o ADSL com 3,3%).
Quanto à velocidade de acesso, no final do 1S2023, 89,7% dos acessos de banda larga fixa disponibilizavam banda larga ultrarrápida (isto é, com velocidade de download igual ou superior a 100Mbps). Já em julho do ano passado, Portugal era o quarto país da União Europeia com mais proporção de acessos com velocidades de download iguais ou superiores a 100Mbps.
Ainda mais impressionante é o facto de o tráfego total de Internet em banda larga ter aumentado 16,9% no 1S2023, quando comparado com o mesmo período do ano anterior (1S2022), atingindo os 272 GB por acesso, mais 133% do que no semestre homólogo.
Ainda no 1S2023, a penetração do serviço móvel de telefone ascendeu a 179,4 acessos por 100 habitantes. O número de acessos móveis habilitados a utilizar o serviço totalizou 18,8 milhões. Destes, 13,3 milhões (72,6% do total) foram efetivamente utilizados. Excluindo o número de acessos afetos a PC/tablet/pen/router, o número de acessos de telefone móvel ascendeu a 12,8 milhões. Contudo, o tráfego de voz móvel por minuto diminuiu 5,5% face ao 1S2022.
Já o tráfego de acesso à BLM no 1S2023 aumentou 48,2% face ao 1S2022. O crescimento verificado é explicado pelo aumento do número de utilizadores e, sobretudo, pelo aumento da intensidade de utilização do serviço. Cada utilizador de banda larga móvel, consumiu, em média 9,2GB por mês.
Curiosamente, também, no 1S2023 o número de famílias com telefone fixo ascendeu a 96,8%, mais 1,9% que no semestre homólogo.
Eis, por conseguinte, a constatação de que a nossa impressão de que, cada vez mais, jovens e menos jovens, passam a vida colados aos écrans dos telemóveis, não é apenas empírica. Tem consagração estatística. Agora, uma outra discussão interessante é saber se estamos efetivamente a comunicar e, ainda que a resposta seja positiva, com que qualidade.