No meio da Avenida Central, lugar nobre da cidade, perdido na sua parte ajardinada, também meio despercebido, talvez envergonhado, lá está um simplório monumento aos mortos da 1.ª Guerra Mundial. Pelo aspecto, é notório que o “monolítico” não tem sido bem cuidado, o que é pena dado a simbologia que encerra. Um pouco mais à frente na direcção da Arcada, outro monumento dedicado aos irmãos Roby padece igualmente do mesmo desconforto. Dois símbolos de heroísmo arredados do espaço público e, por isso, diminuídos no seu significado histórico.
1 - O que tem faltado a “algum” povo é respeitar a História Nacional, as aventuras arrojadas dos seus mareantes e não denegrir os grandes feitos que proporcionaram à Humanidade. Quer queira, quer não, esse “algum” povo não pode negar as aventuras de antanho que um país insignificante da “Ocidental Praia” construiu um império, um grande império, levou a língua, os costume e o sangue luso a toda a parte desconhecida no tempo. Não pode negar os feitos notáveis deste povo, feitos que implicaram engenho, muita coragem e sangue: para citar o poeta “Quanto do teu sal é sangue de Portugal, oh, mar!”.
Por isso, é revoltante e triste, para qualquer português que sinta um pouco o orgulho dessas grandes realizações e desta nobre gente que arriscou e até deixou nos oceanos desbravados a sua vida, assistir a uma onda de hostilidade, de histeria, de arrogância, até de estupidez, por parte de uma leva de pessoas radicalizadas que, para justificar as suas frustrações e as suas ideologias serôdias, se erguem contra a nossa História e contra a bravura destes navegantes que cruzaram os mares com uma vontade enorme de dar a conhecer “ao mundo novos mundos”.
2 - Falemos da nossa cidade. Uma grande cidade no tempo e no agora. Cidade Romana, capital dos Suevos e da Galécia. Cidade dos arcebispos e Primaz das Espanhas. Do barroco e dos artistas da talha dourada. A cidade, a nossa cidade, tem uma enorme relutância em reconhecer os seus melhores. Reconhecer aqueles que contribuíram para o engrandecimento desta urbe bimilenar. E quando faz uma justa homenagem a essas personalidades, pensa e executa mal. Vejamos o caquético monumento a Dom Diogo de Sousa, o reformador e o visionário da urbe, no fundo da Rua dos Capelistas. Lá está uma “criação pífia e sem jeito”. Ninguém liga nada a essa pequena “monstruosidade”. Ali está plantada essa “obra desnotável”, invisível e só.
Seria justíssimo, Braga homenagear os seus arcebispos com um grande e simbólico monumento. O mesmo deveria acontecer com os construtores do Barroco. Tem que homenagear os seus artistas. Os seus melhores. Os criativos. Os talentos. Os que lutaram pela sua cidade. Os que se incomodam com as suas gentes.
3 - Se as ideias dos “mandantes” da cidade escasseiam, peçam ajuda. Escutem. Perguntem a quem sabe. Saiam dos gabinetes e percorram a cidade. Sintam o seu palpitar. A sua dinâmica e deixem-se de olhar só para o “corridinho cultural”. Deixem-se de tretas. E de encomendas destrutivas da estatuária existente.
A cidade de hoje tem, de facto, outra imagem. A autarquia conseguiu sacudir o epíteto degradante da cidade do “cimento e do betão”. Dos mamarrachos. Braga, contudo, precisa de fazer coisas. Muitas coisas, porque até agora estagnou. Pouco ou nada se vê. Braga precisa de se impor pela qualidade dos seus homens, pela sua sensibilidade cultural e religiosa, pelo seu património construído e imaterial. Braga tem um enorme potencial para ser uma urbe de referência internacional. Basta apreciar o santuário do Sameiro e descobrir o historial celta da Falperra. Sentir o esplendor do Bom Jesus, o espaço cultural e religioso mais espectacular do país. Basta calcorrear a parte velha da cidade velha para lhe sentir a alma.
4 - Agora, para terminar. Assistiu-se no passado recente e ainda se assiste ao “vexame” dos nossos soldados que se bateram nas terras de África. Militares esquecidos e maltratados. Militares colocados nos cantos bolorentos de uma história impingida pela ideologia retrógrada das igualdades e dos “amanhãs que cantam”. O mesmo acontece com os famigerados “colonos” que desbravaram florestas, drenaram pântanos, construíram grandes cidades. Construíram o sentir português. Instalaram a nossa língua nas paragens mais distantes. Falta coragem para reconhecer o trabalho desses “colonos” que construíram uma Luanda, uma Lourenço Marques, por exemplo, e tantas outras obras de relevância em terras de Além-Mar.
Falta ainda uma homenagem ao fundador da cidade: o Imperador Augusto (13 a 15 a.C.)