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Reabilitação Cardíaca

Desconhecida de uns e praticada por outros a reabilitação cardíaca é a melhor ferramenta com vista a uma maior qualidade de vida de todos aqueles que padecem de doença cardiovascular, que sofreram eventos cardíacos (enfartes, AVC ou outros), ou até para aqueles que apresentam risco de desenvolver doença cardiovascular.

A reabilitação cardíaca feita por fisioterapeutas integrados numa equipa multidisciplinar, tem como principal objetivo a melhoria da qualidade de vida de todos os que acima mencionei utilizando para isso programas de reabilitação individualizados e adaptados a cada utente.

Muito popular nos Estados Unidos por exemplo, aqui em Portugal tem vindo a crescer, à medida que as pessoas a vão conhecendo. Apresenta inúmeros benefícios, tais como: limitar os efeitos fisiológicos e psicológicos da doença cardíaca; reduzir o risco de morte súbita e de re-enfarte; controlar os sintomas cardíacos; estabilizar ou reverter a progressão do processo aterosclerótico; melhorar o status psicossocial e vocacional do doente; independência funcional e o retorno ao trabalho (ocupação apropriada e satisfatória).

Como todos sabemos, alguém que sofre de patologia cardiovascular habitualmente é tratada apenas e só com recurso a medicamentos, sendo que muitos destes seriam evitáveis ou então poderiam ser administrados em doses reduzidas, recorrendo à reabilitação cardíaca.

Por outro lado, quando algum familiar sofre um enfarte, por exemplo, a reação habitual de todos os que o rodeiam, no regresso a casa, é a proteção, evitar que o paciente se canse, faça esforços ou qualquer outra atividade. Como bons portugueses que somos, protegemos o mais que podemos, e até a higiene é feita na cama para que o doente não se canse. Nada mais errado. Alguém que sofre um enfarte não fica inválido, terá com certeza limitações inerentes à lesão cardíaca que sofreu, mas o coração é um músculo e por isso com capacidade para ser reeducado e treinado, com o devido acompanhamento.

Quando pensamos que ajudamos com tamanha proteção, estamos na verdade, apenas a agravar o quadro, a fazer com que o músculo que sofreu a lesão não volte a treinar, não se adapte ao esforço e consequentemente a perder mais e mais competências a cada dia que passa. E então qual é o risco? Que a lesão se agrave, que se repita, e por vezes repete-se com maior intensidade, podendo mesmo levar à morte.

Deste modo, a melhor ajuda que podemos dar é, em conjunto com a equipe clínica que o acompanha, e de acordo com as indicações da mesma, apostar num plano de reabilitação cardíaca com profissionais competentes e que o façam de modo adequado. É verdade que nem todos serão elegíveis, pela maior ou menor gravidade das situações, por isso, a opção também não é o oposto ao que descrevi antes, não será começar a fazer exercício, caminhadas de modo desenfreado e descontrolado. Tem de haver um plano de ação, devidamente supervisionado, evitando assim surpresas desagradáveis.

Importa, no entanto, saber que, na sua maioria, os doentes que sofrem de patologia cardiovascular, reúnem condições para a reabilitação cardíaca, devidamente acompanhados. Esta é a primeira e principal opção preventiva a tomar, de modo que o coração não nos traia. Embora não deixe de ser verdade que, muitas vezes, somos nós que o traímos, com o que comemos, bebemos, com o exercício que não fazemos e com o stress em que vivemos, sempre numa roda viva, priorizando o óbvio, mas não o correto.

Se padece de doença cardiovascular pergunte ao seu médico pela reabilitação cardíaca, onde pode fazer, acredite que tem muito a ganhar, tem a vida a GANHAR.

Andrea Ribeiro

Andrea Ribeiro

24 maio 2023