A Pedreira viveu uma tarde de loucos na receção do SC Braga ao Santa Clara, num soalheiro fim de tarde de domingo. A festa da família estava de regresso ao estádio e os braguistas responderam ao apelo da equipa, marcando presença em massa, uma vez mais. Sublinhe-se, porém, que não foi uma massa inerte que esteve presente e os corações da Legião vibraram com as incidências do encontro, prestando um apoio incondicional que a equipa soube reconhecer no final.
Ao intervalo o resultado de 3-1 indiciava que a tarde iria ser tranquila, o que não se verificou. Um penálti inexistente resgatou os açorianos para o jogo e foi essa ressurreição que permitiu o empate a três golos, perto do fim, num golo que uma equipa de alta competição não pode sofrer. A Pedreira gelava por completo e foi nessa altura que surgiu a crença Gverreira, levando à loucura as bancadas com os golos de Bruma e Pizzi num curto espaço de tempo, selando um triunfo que libertou todas as tensões que se acumularam durante a partida. O mercado de inverno fez todo o sentido na definição do encontro, para os bracarenses.
Esta foi a terceira vez que o SC Braga registou um resultado de 5x3 vez na sua história, no principal escalão. O maior objetivo estava alcançado com a conquista dos três pontos que afastam alguns fantasmas vindos de vários lados, incluindo das miseráveis arbitragens que se verificam jornada após jornada em Portugal, mostrando um sistema que parece matar lentamente o futebol.
A vontade de ficar no pódio está agora mais perto de ser concretizada, com a equipa a demonstrar, em muitos momentos, qualidade para aspirar a algo mais, mas que um sistema instalado não permite que isso se torne realidade.
Uma jornada mais decorrida e uma nova página que em nada dignifica o futebol. As incidências da arbitragem em Portimão, Alvalade e Dragão voltaram a mostrar como se faz um sistema, que a comunicação social alimenta para interesse próprio.
O desafio que lanço às entidades responsáveis é que acabem de vez com a forma execrável como os clubes que se outorgam grandes condicionam cada vez mais os trabalhos dos árbitros, de várias formas. Isto tem de parar e cenas deploráveis como as que se verificaram em Alvalade e no Dragão, sobre o fim do jogo, representam comportamentos desviantes que devem ser banidos dos estádios.
Repetidamente ouvimos comentadores e imprensa, em geral, referir que a competitividade em Portugal é baixa e que seria bom seguir os exemplos de Leicester, em Inglaterra, do Lille, em França, ou do Nápoles, em Itália, mas são eles quem fomenta essa falta de competitividade na liga portuguesa, discriminando de modo absurdo aquilo que deveria ter tratamento idêntico. Recentemente, Grimaldo referiu que se mudava para a Alemanha porque queria uma liga mais competitiva. Talvez fosse boa altura para a liga portuguesa iniciar esse caminho e, desse modo, se tornar mais atrativa, em vez de ser um mero trampolim. Assim, neste contexto de dificuldades a época desportiva do SC Braga não dá para mais e até já parece demasiado ousada para alguns setores da sociedade. É o que temos, infelizmente.