Entre a análise política e a crítica, o país ficou a saber um pouco mais sobre a nossa Constituição, sobretudo porque os nossos ilustres representantes fizeram o favor de lembrar, cada um à sua maneira, os seus poderes Constitucionais. Não importa a cor do gelado ou as conversas políticas quase todas inseridas no politicamente correto, mas o significado que o cidadão comum atribui e as consequências para o país.
Parece, porém, que a maioria dos cidadãos tem opinião formada sobre os políticos e seus comportamentos, de tal forma que ninguém valorizou, ao que parece, as divergências de opinião sobre manter ou não determinado ministro no governo. Os portugueses estão preocupados com o que se passa na educação, com os exames dos filhos, com as greves dos professores e dos transportes, com o preço dos bens fundamentais, seja na alimentação ou nos combustíveis. Estão há muito a fazer contas à vida, preocupados com a inflação e não entendem como é possível continuarmos a ser um dos países simultaneamente com impostos mais elevados e salários e pensões mais reduzidos.
Estes sim parecem evidentes, e se tornam problemas sérios no momento. Ao mesmo tempo, temos uma frota automóvel que se diz elevada para o país que somos e gastamos muito dinheiro nas importações de veículos e de combustível. Viajámos pouco de transportes públicos em comparação com outros países mais desenvolvidos e optamos durante décadas por desenvolver o transporte rodoviário em vez do ferroviário, que alguns governos até conseguiram destruir, fechando linhas e destruindo milhares de quilómetros de via férrea.
Significa que quando agora falamos no serviço nacional de saúde, no plano nacional de transportes, na educação, no apoio a dar urgentemente à área social, no aproveitamento de muitos milhões prometidos, estamos atrasados, continuamos lentos, confusos, complicativos, preocupados porque vamos ter de aproveitar milhões se formos capazes de fazer obra, coisa que evidentemente depende de todos nós, mas principalmente do sistema complicado que alimenta cada projeto e retarda mesmo o seu aparecimento em muitos casos a concurso público. De repente vamos concluir que não somos capazes de dar resposta ao fluxo de obras que se adivinham para breve. Fica a pergunta se tal vier a acontecer: de quem é a culpa? E o que vai acontecer se as obras ficarem por concluir nos prazos previstos? Importante é realmente o país real, mas também a forma e os procedimentos, a morosidade com que caminhamos no desenvolvimento dos projetos.
Talvez por isso, e cada vez mais, o descrédito dos políticos esteja conforme com a forma complicada como abordam as verdadeiras questões de interesse público e social.