“O maior estímulo para o êxito é o fracasso”
Pavel Eisler
Uma das razões que pode ser evocada para o crescente divórcio entre os cidadãos e a política, ou pelo menos com as práticas de vários atores políticos, vem da nossa incapacidade para compreender um conjunto de clivagens sociais presentes no quotidiano.
Num tempo de incerteza, dificilmente temos o discernimento de identificar as clivagens existentes... vivemos numa época de transição, conhecemos o mundo que deixamos para trás, não conseguimos perscrutar, ainda, de forma clara o mundo futuro que já está aí!
É na capacidade de resposta a dar a todas as questões que emergem que podemos encontrar um momento de separação ideológica.
As versões mais ou menos populistas, sejam elas representadas por epifenómenos tipo “Chega”, ou pelos “Bloquistas” e seus apaniguados “novos turcos” num partido com tradição europeia, mas cada vez mais afastado das ideias que personifico na figura de Mário Soares, não têm resposta substantiva para o que conta de forma séria.
Deste modo, temos num primeiro momento reflexivo uma visão passadista, própria de pensamento retrógrado e reacionário que procura regulamentar para condicionar, procura redistribuir sem produzir, diminuindo sempre, todos os espaços de liberdade individual e pessoal em nome de uma visão terrifica que nos impele para uma ausência de liberdade.
Podemos, de outro modo, encontrar uma outra visão, ideologicamente bem estruturada, ser firmes e generosos, fraternos, ordeiros e solidários sem perder a noção individual de responsabilidade, ao mesmo tempo e de forma consistente.
Agora, não podemos fazer coisa nenhuma sem liberdade, como o valor supremo.
Se procuramos uma visão vivencial estatizada, por menos liberdade individual, então entramos numa vereda que nos conduz ao que passamos a merecer, um povo que não merece ser autenticamente livre.
Não obstante, insistimos no mais do mesmo, trocamos o aparente que é fácil pelo autêntico que nos deveria interpelar.
Os poderes continuam a decidir pelos factos aparecidos a jusante, esquecendo-se que eles, “os problemas”, não estão aí, manifestam-se só, a sua génese está em outro lugar, a montante.
E não perceber isto, tem feito toda a diferença!