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Está na hora de «zerar»

Zero de violência, zero, de guerra, zero de fome, zero de injustiça.
Zero de mentira, zero de suspeita, zero de insinuação, zero de difamação, zero de calúnia. Zero de falsidade, zero de «fake news», zero de informação tendenciosa, zero de opinião infundada.

Zero de predilectos a proteger e de alvos a abater, zero de humilhações e desprezos, zero de favorecimentos injustificados, zero de ostracismos infindáveis.
Zero de pessoas maltratadas, zero de permissões plenas a uns e inclemência total para outros, zero de secretismo e intenções dúbias.

Zero de atitudes sem escrúpulos, zero de ambições desmedidas, zero de atropelos aos outros, zero de vaidade e egocentrismo, zero de ironias humilhantes.
Zero de coligações para defenestrar a honra dos ausentes, zero de espertismo em proveito próprio e prejuízo alheio, zero de alienação de responsabilidades.

Zero de superficialidade, zero de aparato e aparência, zero de palavras ocas e discursos fúteis, zero de vulgaridade e vileza.
Zero de desvertebração do essencial, zero de desatenção ao que acontece, zero de pose em vez de porte.

Zero de complexos de superioridade, zero de altivez, zero de autoritarismo, zero de maledicência e «malescrevência».
Zero de generalizações e julgamentos, zero de esmagamentos de carácter, zero de duplicidade e ressentimentos, zero de condenações irrecuperáveis.

Zero de agitação e de ruído, zero de desrespeito e deseducação, zero de olhares fulminantes e risos de desdém, zero de indiferença ou saudações apressadas.
Zero de abandonos e corte de relações, zero de frieza e de rejeição, zero de arbitrariedade e amedrontamento.

Zero de palavrismo incomunicante, zero de posturas pretensiosas, zero de instrumentalização das pessoas, zero de conveniências e indecências.
Zero de propósitos obscuros e objectivos inconfessáveis, zero de infernização da existência, zero de espancamentos físicos e morais.

São muitos zeros e muitos mais poderiam ser. Provavelmente, pouco vão adiantar até porque é quase nula a vontade de os «hospedar» na nossa vida.
Pena, porém, que assim seja. É que, enquanto não fizermos uma «operação stop» a tanta coisa, não sairemos de onde estamos e podemos mesmo recuar para zonas muito próximas do abismo.

Acresce que muitos zeros à direita da unidade acrescentam e transformam. E não é por esses zeros que pugnamos nos chamados «jogos da sorte»?
Muhammad Yunus alerta que, «se não fizermos as coisas certas, poderemos ser a última geração do planeta».

E, a pensar nisso, propõe uma «teoria de três zeros»: zero de aquecimento global, zero de concentração da riqueza e zero de desemprego.
Há muito que «zerar» se quisermos mais e melhor vida: sobretudo uma vida digna e sorridente!

João António Pinheiro Teixeira

João António Pinheiro Teixeira

16 maio 2023