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Tempos “anedóticos” ou tempos de reflexão!

 

1 - Vive-se neste país, actualmente, um ambiente surpreendentemente aturdido. Ridículo. Até anedótico, se bem que as anedotas fazem bem à alma e aliviam as tensões. Mas, estas anedotas contadas por “anedotas” deveriam ser para levar a sério. Mas, são para a gente se rir. E a bom rir. Rir na galhofa-sarcástica nos momentos mais descontraídos e divertidos. É assim que tem piada. Rir e rir com vontade, pois rir revela boa disposição e bom astral. E bem falta faz para quem anda acabrunhado com as amarguras da vida. A ver a vida estagnada ou mesmo a andar para trás. 

Rir é uma óptima terapia para esmagar as mágoas e os azares desta vida em crise permanente. Crises sem pausas. Em contínuo. Ou seja, um país sempre em crise. Financeira, económica, política. Também na Educação, na Saúde, na Justiça. Estas incomodam. E de que maneira. Estas ligam-se à vida concreta das pessoas. Ao seu futuro. Ao futuro dos seus. E isto é coisa séria!

Coisa inédita: um país maravilhoso sempre em crise! Como é possível isto acontecer?! Por isso, rir, no fim, é o melhor remédio para superar depressões e incompreensões. E há muitas e de vários feitios desenvolvidas por gente ridícula, pouco respeitável e incapaz.

 


2 - Tanta irresponsabilidade e conflitualidade na esfera dos poderes. Tantos amuos e olhares esguios. Comportamentos de “miúdos”. De miúdos mimados e bem crescidos. Miúdos armados com tiques de esperteza. E – dizem - de muita habilidade. Miúdos que se agarram aos brinquedos do poder como isso fosse uma bola de trapos no tempo de pé descalço. Miúdos que não entendem o jogo da vida. Nunca entenderam. Viveram sempre numa redoma de gabarolice e de olhar cimeiro, pois a paisagem de baixo era demasiado trôpega e amorfa para se incomodarem. Para entenderem. Sempre com recados de uns para os outros e com mensagens disfarçadas com metáforas insossas. Uns - os troll’s de serviço - dizem que foi preciso coragem e frontalidade para os dizer; outros - exigiriam mais contundência e acção ao PR.  Nem coragem, nem frontalidade. Nem contundência resolveriam os problemas. O que se pediria era sensatez, capacidade visionária e inteligência. Uma outra acção e menos propaganda. 

Houve espectáculo nos dois sketch’s. As palavras armadilhadas e os apelos estapafúrdicos à consciência ecoavam na massa amorfa que os escutava sem chama e sem alma. Cenas de um filme rocambolesco, visto e revisto, e de enredo gasto para prender os cinéfilos. O problema do país é sério para haver circo. Para haver comédia. Para haver este “show” degradante. Viver dentro desta crise (circo) não dá riso nenhum. Não tem nenhuma piada. Dá incómodo e alheamento. E “eles” bem deveriam saber. O pessoal está farto de palhaçadas. 

 


3 - Eu sei, todos sabemos que é fácil virar páginas. Umas a seguir às outras para tudo ficar na mesmo. Ou ainda pior. É fácil proferir um palavreado vazio do “ontem foi ontem, hoje é outro dia” como não houvesse contas a fazer do ontem. É assim que se governa? Foi assim que se governou nesta desvalorização de coisas sérias. É fácil pedir desculpas como as desculpas pudessem reparar os danos causados por políticas erradas. Políticas desenvolvidas por pessoas erradas que deveriam estar nas hortas a plantar batatas e nunca nas passadeiras vermelhas. As desculpas só têm o condão de amortecer “raivas” e incompreensões. Nada resolvem. 

Também é preciso fingir que se está preocupada com as coisas más do país para deixar de lado as exigências do quotidiano. As desculpas servem para fingir que se recebe uma lufada de energia renovada para se encarar com outra disposição o que corre menos bem e limpar a porcaria que vai ficando pelo caminho. E, no país, pouca coisa corre bem. E há porcaria demais.

 


4 - As cenas que vão passando nos vários ecrãs da vida política são deploráveis. Há quem lhe chame cenas de circo, outros de comédia. Na verdade, o governo está em manifesta baixa de forma. Em desnorte. Perdido nos labirintos dos casos. E dos casinhos. E da incompetência. Mas dá espectáculo. Apostou demasiado na propaganda e desinvestiu na qualidade. Na qualidade dos actores. Tudo isto se agrava e ganha bons contornos, porque o governo não presta. Não tem ponta por onde se lhe pegue. E para complicar mais a coisa, é o próprio governo que arranja problemas. Mete-se em alhadas. Mentem. Escondem. Fingem. 

Depois do “show” discursivo do PR, em retaliação ao sketch dorido do PM, o circo vai continuar em exibição. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos com ansiedade. A ver vamos!

Armindo Oliveira

Armindo Oliveira

14 maio 2023