Os Seminários Diocesanos de Braga, como é público e notório, têm, ao longo da sua história, formado grandes músicos que enriqueceram, enriquecem e continuarão a enriquecer um setor que anima e dá vida a uma panóplia de eventos que a sociedade tanto acarinha e estima. Prova disso, podemos ler no livro “Seminário de Braga, um Viveiro de Músicos” em que o Prof. Abel Carriço é autor, juntamente com o Cónego José Paulo Abreu.
Nestas minhas crónicas, estou, sobretudo, a realçar aqueles que acompanhei de perto no meu percurso, durante vários anos, como formandos nos Seminários Diocesanos de Braga, e que, ainda hoje, continuam a cultivar e a dar alento a uma arte com uma linguagem tão universal.
Grande parte dos músicos que, na comemoração dos 450 anos do Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo, foi mencionada no livro acima referido, não necessita que se escreva mais sobre eles, pois já são sobejamente conhecidos pelo seu mérito em prol da arte musical, sendo, alguns deles, mestres do nosso tempo de seminário, como, o Padre Manuel Faria Borda, o Cónego Manuel Faria, o Padre Alberto Brás, o Padre Manuel de Sousa Marques, o Padre António A. Oliveira, o Padre Benjamim Salgado, o Cónego Manuel R. de Azevedo, o Padre Joaquim Santos, o Padre Júlio Vaz…
Por aquilo que já sabia do meu condiscípulo Abel Carriço, professor na Escola 2/3, Dr. Flávio Gonçalves da Póvoa de Varzim, e por aquilo que li em algumas das suas publicações, cheguei à conclusão tratar-se de um músico que soube desenvolver os seus talentos e tudo aquilo que os seus ilustres mestres lhe ensinaram e motivaram para que pudesse dar e formar outros a seguirem os seus passos e a sua arte que tanto tem contribuído para a dinamização e criação de tantos e variados eventos culturais, recreativos, assim como a fundação de grupos corais e de atividades culturais na sua região da Póvoa de Varzim. Temos o exemplo do seu filho, Dr. Tiago Carriço, que, desde tenra idade, inciou os seus estudos musicais na Escola de Música da Póvoa, desempenhando, hoje, funções musicais de alto relevo.
Ingressou no Seminário de Nossa Senhora da Conceição no ano letivo de 1967/68, começando a estudar esta arte musical, tendo, como seus professores, grandes talentos que o acompanharam e lhe deram as primeiras noções que ele soube desenvolver, fazer render para poder, hoje, partilhar os seus engenhos e dar à sociedade meritórios serviços. Fez tudo para se aculturar, ingressando, posteriormente, no Conservatório de Música do Porto onde concluiu, com êxito, o Curso Geral de Composição e o Curso Superior de Canto. Após obter a licenciatura, concluiu o mestrado, na Universidade do Minho, em Estudos Superiores Especializados na vertente de Educação Musical, aperfeiçoando-se, mais tarde, em Direção Coral e de Orquestra, Técnica Vocal, Análise e Técnicas de Composição, trabalhando com grandes mestres, J. Borges Coelho, Peter Philips, Erwin Liszt, G. Keegelman, Robert Houlian. No Instituto Superior de Música Sacra de Regensbourg, foi acompanhado pelos insignes especialistas Herbert Velten e Joseph Stoiber.
Tem desenvolvido a sua variada atividade com inúmeros artigos, conferências, publicação de livros, composição musical, maestro, fundador de grupos corais, investigador no que concerne à música sacra e outros trabalhos muito produtivos como o Cancioneiro Tradicional de Rates com as cantigas das desfolhadas, do linho, das reisadas e de inúmeras outras atividades do campo e dos saraus de antigamente, editando uma coletânea e criando um grupo que nos faz reviver esses tempos alegres do campo e outros divertimentos saudáveis de épocas passadas.
Teve a seu cargo a direção musical de variados espetáculos no Teatro Garrett e no Auditório da Póvoa de Varzim; foi um dos fundadores da Escola de Música da Póvoa de Varzim, assumindo a sua direção executiva, fazendo, ainda, parte do corpo docente; fundou o Coral “Ensaio”, realizando, ao longo de mais de três décadas, concertos em diversas localidades de Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda…Há diversas gravações editadas em CD “Os Melhores Coros Amadores da Região Norte; a Música Sacra na vivência poveira da 1ª metade do século XX, tendo por base obras de autores da região.
Assumiu, na Universidade Sénior do Rotary da Póvoa de Varzim, as áreas de Música e de Coro, formando o grupo Filii Mariae, gravando um CD intitulado “Senhora do Sameiro, nós Te cantamos”. Foi o promotor do Ciclo da Música Sacra da Igreja Românica de Rates (a decorrer), sendo seu Programador e Diretor Artístico, e, ainda, o Diretor Pedagógico da Escola de Música Arnaldo Moreira de Rates.