Assisti, incrédulo, às declarações do Primeiro-Ministro, na passada semana, em que acusou, publicamente, perante milhões de portugueses, o elo mais fraco da novela que todos conhecem, baseado em informação de uma das partes (um Ministro), uma “parte” que, já por mais do que uma vez, mentiu e desrespeitou o Parlamento.
Esta tentativa de intoxicação da opinião pública, de quem tem o poder e a facilidade de acesso aos órgãos de comunicação social, é vergonhosa e repugnante, sendo, infelizmente, prática comum por parte dos dirigentes de alguns clubes de futebol.
Cabe-nos, a todos, fazer uma análise sincera e abstrair-nos dos clubismos e das cores políticas, aplicando empatia porque do outro lado está uma pessoa(s) que tem a sua vida, a sua família, e que não teve sequer a oportunidade de se defender, tendo a sua reputação e honra sido manchadas por alguém sem princípios nem sem valores – nem moral. Na vida, não vale tudo, e os líderes com capacidade de influenciar opiniões devem ser exemplares nesse aspeto.
Com efeito, vivemos tempos de opacidade, em que as principais Instituições, que influenciam a população, estão completamente subvertidas. Quase tudo se resume a teatro e taticismo, secundarizando o que realmente importa.
Somos confrontados, quase todas as semanas, com notícias de desbaratamento de dinheiros públicos para favorecer poucos em detrimento de muitos (que efetivamente dele precisam), com uma total ausência de um projeto coerente e credível para o país, aliado a uma gestão da coisa pública que só favorece os partidos políticos e a sua perpetuação.
No tocante ao futebol, continuamos a ficar perplexos com atitudes medíocres das direções e equipas técnicas de alguns clubes, na tentativa de encontrar bodes expiatórios para os seus insucessos. Igualmente, e de forma lamentável, assistimos a uma apropriação desses clubes pelos seus dirigentes, que os gerem como se de sua propriedade se tratasse, estando sempre ávidos por vender e realizar dinheiro, que, em boa verdade, não se sabe bem para onde vai, culminando com o desplante (ilegal) de termos membros das direções a efetuarem obras (de muitos milhões) para os clubes que gerem.
O que esperamos dos governantes, e das direções dos clubes, é que não sejam manobradores políticos e teatrais, mas sim serventes públicos que governem as Instituições tendo em conta os supremos interesses das mesmas – e das populações.