Começa-se a falar muito sobre a possibilidade de eleições legislativas antecipadas. É a meu ver algo excessivo por não corresponder a uma necessidade concreta para o país, mas o caso Galamba encheu o copo e permite bebê-lo de pé. A sensação que se tem é que há um balão (PS) a perder gás, que vai descendo pouco a pouco, que pode estatelar-se no solo por falta de combustível que o sustenta no ar. Por outro lado, temos a perceção nítida de que há outro balão que sobe mas com tão pouca ascensão que dá medo de a gente viajar com ele. O PSD é o balão que sobe e o PS é o balão que desce. Nem um nem outro nos tranquiliza quanto a estabilidade de governo: a estabilidade governativa está instável, oscila no fio da navalha ou, como diz o povo, está como o tolo no meio da ponte. Mas é mau porque a estabilidade, como se sabe, é a peanha onde toma assento o investimento interno e estrangeiro. De modo, como diz o povo a respeito do PS/PSD, tanto vale governar um como outro porque são farinha do mesmo saco. Este clima pré-eleitoral por causa dos casos do governo, pode levar-nos às legislativas. Vamos ouvir falar de tudo menos das verdadeiras causas nacionais. Por isso, uma vez mais vai ganhar a abstenção que é um virar de costas a tudo e a todas as opções políticas: são todos iguais, dizem e com convicção. Portanto, parece-me bem horas de cada um destes dois partidos dizerem aos portugueses como vão resolver problemas como a TAP, a via-férrea, a educação, a saúde, a segurança. Estes temas são mais do que bandeiras eleitorais, são as necessidades urgentes que o País enfrenta com instante necessidade de resolução. As retóricas políticas já só enganam os néscios porque, estes coitados, são dos que se deixam enganar e mais vezes, “na mudança”. Mudança é o “santo graal” que, como chave de fendas, serve nas ranhuras de qualquer partido. Mudar traz a esperança de melhoras só que a realidade fala-nos doutra verdade. É preciso serem discutidas as causas grandes do País; é muito mais importante saber o que se vai fazer com a contagem de tempo dos professores ou da TAP, por exemplo, do que saber se a prima, tia ou cunhada do ministro têm uma fabriqueta que produz golas para o fogo. É mais importante uma política para a floresta do que saber se a mulher do ministro tem uma fábrica de serração de madeiras queimadas. Eu sei que o “povo político” delira e bate palmas aos casinhos e prefere-os às coisas sérias. As preferências não se educam, criam-se na resolução de factos concretos. Deixem os rebuçados para os “meninos” e tornem-se adultos à mesa das resoluções. Não troquem a sombra pela figura, fujam dos retóricos, e saibam compreender quem lhes fala de coisas sérias e quem lhes fala de coisas de tricas políticas. Nós, os votantes, não sabemos verdadeiramente em quem votamos porque, em vez de o voto ser nominal ,esconde-se atrás duma lista que para nós é uma abstração. As palavras têm muito poder eleitoral: quando justas, são belas como rosas em flor, mas também servem para todos aqueles que se deixam encantar por cânticos de sereias.