twitter

A Mala de Cartão - Parte 3

Parte 3

O nosso amigo Baltazar, de provecta e respeitável idade, leva uma vida de experiências de Emigração, cujas aventuras e desventuras certamente resultariam num best-seller às mãos de um capacitado novelista. É um digno porta-estandarte do fracasso político da nossa Democracia, mormente aos residentes no interior do País. Emigrou para a Venezuela no fim dos anos ‘70, após as crises internacionais do petróleo e da famosa intervenção do FMI em Portugal para nos salvar da bancarrota (já na altura provocada pelo desgoverno PS). Regressou a Portugal tendo sido quase de imediato abalado por nova crise e obrigado a trabalhar algum tempo na Ilha da Madeira, onde os trabalhos de carpintaria estavam em grande demandada. Após largas meditações, emigrou de novo nos anos ’80 para a Austrália, desta vez com a mulher e três filhas, tendo regressado nos anos ‘90 para usufruir da sua merecida reforma. Três enormes viagens e mudanças na vida que merecem uma homenagem.

A Sandra é uma cidadã Bracarense e tem um terço da idade do senhor Baltazar. Tem duas licenciaturas, uma em Informática e outra em Educação. Desta vez, é esta jovem que está prestes a emigrar para a Austrália. Se não bonificarmos fiscalmente os nossos nómadas digitais, e fracassarmos nos programas de regresso das nossas melhores gerações ), as Sandras continuarão a Emigrar, deixando a nossa sociedade desfalcada do seu valor acrescentado, riqueza criada e contribuições para a Segurança Social.

Como vimos no último artigo, mais de meio milhão de Portugueses saíram do país desde o ano 2000.

 

 

 

 


Estes números deveriam soar alertas e todas as atenções das políticas públicas. Estimamos que, com estes valores de Emigração, o valor de contribuições perdidas para a Segurança Social, só em 2021, se cifre em 3,3 mil milhões de euros – mais do que foi injectado na TAP! A par disso, vemos sair do país mão-de-obra altamente qualificada, provavelmente a geração com maior índice de formação escolar, rareando igualmente toda a espécie de profissionais indiferenciados cruciais para o funcionamento social (experimentem encontrar pintores ou picheleiros para um trabalho urgente).

A Sandra ainda pode ser incentivada a ficar, mas o Baltazar já está demasiado velho para emigrar de novo. No entanto, ambos são essenciais na garantia da qualidade do nosso sistema social e assistencial.

Sérgio Gomes

Sérgio Gomes

Sérgio Gomes

Mário Queirós

7 maio 2023