twitter

A quinzena das “escorregadelas” políticas

1 – Lembrou uma cena burlesca do cinema ).

O que se passou, nas semanas anteriores ao 25 de Abril de 2023, a respeito de erros estratégicos ou gaffes políticas, por parte de certos personagens (às vezes, encadeadas), trouxe-me à memória certas cenas burlescas, cómicas, do cinema mudo. Do “Bucha e Estica” ou de Charlie Chaplin, as quais aliás, vão beber à velha arte dos palhaços do circo (sem qualquer ofensa…). E que “tiram qualquer pessoa do sério”. Primeiro, foi Montenegro a rejeitar o Chega. Depois, foi o Chega a rejeitar a Rússia e a insultar e a manifestar-se contra Lula (o pres. do Brasil ). Por último, foi Stoltenberg, sem qualquer necessidade a tirar a transparente máscara e a ir visitar Zelenki à Ucrânia, país em guerra (assim corroborando a tese russa de que é a NATO e os EUA que estão por trás dela, se dúvidas ainda houvesse …).

2 - Montenegro deixa-se empurrar e rejeita alianças com o Chega ).

Foi a 14 de Abril ( até parecia dia 13…), que o líder do PSD, após muitas insistências de Mª João Avilez cedeu naquilo em que até o pouco capaz Rui Rio tinha conseguido não ceder: antecipar a sua táctica eleitoral a respeito de alianças com o Chega. É certo que não o nomeou; porém quase jurou que nunca juntaria forças com qualquer partido “racista” ou “xenófobo”. Logo Ventura (o líder do Chega) enfiou a imaginária “carapuça”. Mas avisou: se esse for o caminho do PSD, então em breve pode acontecer que este se deixe ultrapassar pelo próprio Chega, no comando da Oposição.

3 – Ainda não há eleições à vista e já a Oposição anda “à bicada” entre si… ).

Montenegro tem de reconhecer que o Chega (à semelhança do que já se passa há anos por esse Mundo fora, com partidos similares) conquistou um espaço próprio, uma clientela, a qual em décadas anteriores correspondia a uma envergonhada e complexada “maioria silenciosa”. Os social-democratas também têm o seu espaço próprio e clientela (o centro-direita não liberal). Há também que zelar por ele e por essa clientela, e respeitar os outros. O PSD têm de perceber que sem os 10 a 15% do Chega nunca será maioria que possa governar. Se engeita o nacionalismo do Chega, acaba por se confundir com os liberais e internacionalistas e da Inic. Liberal (e perder votos para eles…).

4 – No seu tempo, também Mª João Avilez cedeu aos nervos…)

Ainda me recordo dessa entrevista da veteraníssima jornalista. Na altura, ainda jovem, entrevistava (para a RTP?), o dr. J. B. Mota Amaral, do PSD. E entrou muito crítica. Porém o açoreano, no espaço da pequena sala, começou a agitar as suas gigantescas mãos quase em cima da face de Maria João e logo ela se transformou num manso cordeirinho.

5 – Porém o Chega também tem de medir bem as suas opções e as suas críticas).

De um modo geral, o dr. Ventura tem (aliás com assinalável e louvável coragem) sabido interpretar as queixas, medos e anseios de boa parte da população mais pobre das nossas cidades e vilas. Que é tantas vezes oprimida (sem que sequer tal opressão chegue ao conhecimento das nossas igualmente decadentes classes médias…). Oprimida por minorias bem definidas e organizadas, cujo nome colectivo ou étnico não é “politicamente correcto” sequer pronunciar. E Ventura contorna esta verdadeira Censura (democrática) utilizando os tais qualificativos étnicos popularmente usados. Uma coisa já totalmente diferente é a postura do dr. Ventura, no que estritamente respeita à guerra entre Moscovo e Kiev. Em vez de, como competia a um homem de Direita, ser neutral num conflito a que somos totalmente alheios, o direitista André Ventura alinha com a elite judaica americana anti-Trump. E condena o líder russo V.V. Putin, um homem que hoje é sobretudo um nacionalista moderado de Direita. Num país europeu gigantesco (a Rússia) que, à parte o interlúdio comunista (1917-1991) sempre foi um farol do conservadorismo (e até do reaccionarismo) mundiais. Ventura que continua aliado dum bolsonarismo algo equívoco e trapalhão (que não é inteiramente de Direita mas também de Centro). Ao ponto de ter posições completamente hostis a Lula (que já pagou pelo que fez) e que só procura a paz entre a Rússia e a Ucrânia. Cuidado, pois, com a provável fuga dos seus votantes… .

6 – Stoltenberg? “Não havia necessidade”).

Sim, como diria o famoso “diácono lamecense”. Ir visitar Zelenski foi um disparate que só reforça a tese russa sobre o gradual apertar do cerco “ocidental”, americano, à Rússia, origem desta verdadeira “guerra por procuração”. Nervoso e agitado (lembra uma “athene cunicularia”), tem demasiada “fome de guerra” para o alto cargo que ocupa.

Eduardo Tomás Alves

Eduardo Tomás Alves

3 maio 2023