Os arrendamentos para habitação estão por um preço incomportável. O governo socialista arranjou um pretexto ou uma oportunidade para se apropriar da propriedade privada, quer tentando tabelar os preços das rendas, quer apropriando-se daquelas que os legítimos donos não podem reparar porque o que recebem de renda não chega para pregar um prego, quer metendo-se com o poder autárquico na medida que nem os consultou para as medidas que agora pretende implementar. Há nisto um radicalismo que deve fazer corar de vergonha os socialistas moderados. O atual governo nem precisou da geringonça para se tornar num invasor; bastou ter a janela de oportunidade da carestia do arrendamento, para pretender ser um invasor. É um invasor porque invadiu a propriedade privada, invadiu as competências autárquicas, invadiu a ideologia do partido de Mário Soares. O sr. primeiro-ministro tem problemas estruturais que não sabe resolver tais como a TAP, a ferrovia, o problema dos professores, do Serviço Nacional de Saúde e, como não sabe “programar e executar uma política de habitação” e, em vez de incentivar a construção, achou por melhor aterrorizar os senhorios. Em vez de apoiar a iniciativa das pessoas a fim de “garantir o direito constitucional de todos terem o direito a uma casa condigna”, quer resolver o problema habitacional com aquilo que não é do estado. Construa e arrende, esta é a solução. Não assalte as casas devolutas porque não são suas; cada um, na sua propriedade, tem o direito de fazer o que quer. A não ser num estado socialista/marxista, onde tudo é do estado até os cidadãos. Deveria ter mostrado esta faceta socializante aos eleitores porque não foi nesta cara que o fez maioritário no último escrutínio nacional. Há quem se sinta espoliado do seu voto porque, quando votou, votou um PS moderado e diferente daquele que agora se apresenta vestido de vermelho bem vivo; onde estão os tons suaves com que se vestia Mário Soares? Afinal não podemos contar com o PS para ser o tampão aos extremismos porque pertence ao clube deles. É verdade que, desde que as medidas anunciadas até ao dia de hoje, já tem tantas exceções que mais parece um queijo suíço. Mas isto não basta porque ficou a ideia de que o atual primeiro-ministro ainda sofre da esquizofrenia de esquerda. Ficamos com medo que estes recuos sejam temporários que depois de passar o temporal da contestação, tudo regresse à ideia inicial. Está-lhe na alma a ideia do confisco. O sr. dr. António Costa acabou com a ideia de socialista moderado que tinha com os portugueses. Os portugueses sabem, neste momento, que o socialismo em que acreditavam pode virar radicalismo de esquerda. Se esta lei for para a frente, podemos afirmar que o único reduto contra a apropriação de bens ou pessoas, por parte do estado, é o PSD, pelo menos enquanto não inclinar nem para a direita nem para a esquerda. Lamento sinceramente que o PS tenha perdido o seu juízo e queira fazer de cuco, fazendo ninhos, nos ninhos dos outros. O governo atual mete água por todos os lados, mas os senhorios não tem culpa disso: Senhor Dr. António Costa, mude de atitude enquanto houver alguns cacos para colar mas, é da vida, o vaso já não é o mesmo: fica a cicatriz.
Autor: Paulo Fafe
Um PS socialista radical?!

Paulo Fafe
27 fevereiro 2023