Claro que não é! Até pode ser uma lufada de ar fresco nesta sociedade envelhecida.
O tema da imigração é, em todo o caso, incontornável no momento político e laboral do país. Com a demografia lusa nas ruas da amargura, mercê de políticas erradas desenvolvidas metodicamente por uma pretensa ideologia igualitária e de direitos que tudo tem feito para sermos um país de velhos e improdutivos, deparamo-nos agora com a necessidade premente e inadiável de se “importar” mão-de-obra a granel vinda das mais diversas proveniências com destaque para as zonas deprimidas do globo.
1 - A “importação” de gente, pois é disso que se trata, não olha a meios para ter trabalhadores disponíveis e baratos no mercado de trabalho. Mercado, como se sabe, que se debate por uma grande escassez de mão-de-obra. Essa gente, já sem esperança de uma vida melhor, é incentivada, muitas vezes, por redes de tráfico humano, a deslocar-se, ao Deus dará, para conseguir o seu magro sustento e remediar o estado miserável dos seus. Chega essa gente cá sem condições dignas de habitação, de emprego estável e de todas outras formas de vida que deveriam garantir a sua sobrevivência e a dignidade no trabalho, exigências padronizadas na Europa.
Como chegam e como são tratados tornam-se presas demasiado frágeis e fáceis nas mãos de gente sem escrúpulos e sem pingos de humanidade que os “escraviza” e lhes retira o sabor do que têm de mais sagrado: o direito a uma vida tranquila. Todo um futuro sonhado, nas suas terras distantes, se transforma num calvário que os atira para a inevitável miséria da qual queriam fugir. A imigração é formada, grosso modo, por gente já sem presente e irremediavelmente sem futuro, o que contraria o sonho de se viver nesta Europa, a Terra Prometida. Nesta Europa que se diz civilizada, integradora e profundamente solidária.
2 - Os exemplos desta degradação laboral e da indignidade da condição humana são abundantes, o que deveria predispor o executivo a tomar medidas corajosas e eficazes para resolver este problema absurdo, que só o é, porque há gente interessada nesta balbúrdia importadora que não olha a meios para o conseguir. Vir aos magotes, à mercê das redes de exploração e enganados não é a via certa para conferir um aproveitamento racional e legítimo desta mão-de-obra que está disponível para ajudar a criar riqueza e bem-estar. O que eles querem, muito legitimamente, é ter um trabalho digno e possibilidades a ter uma vida decente.
Portugal precisa mesmo destes trabalhadores. Isso é um facto irrefutável e inadiável. Para isso é preciso dar-lhes condições e perspectivas de futuro. Se assim fosse, ganhariam os imigrantes, os empresários satisfaziam as suas necessidades e, obviamente, o país se harmonizava.
3 - Não faz sentido continuar a importar leva de trabalhadores como tem sido feito até aqui. Não faz sentido mesmo. Neste contexto, fazem sentido, por outro lado, os argumentos de Carlos Moedas e de Luís Montenegro. Ou seja, receber só os trabalhadores imigrantes que fazem falta no mercado de trabalho, dando a estes as condições indispensáveis e os direitos respectivos para serem devidamente protegidos da avidez da ganância e das redes mafiosas que os exploram e, assim, poderem integrar-se e trabalhar como qualquer trabalhador nacional.
Esta posição é inteiramente razoável e sensata, o que colide com a ideia demagógica e irresponsável da esquerda que não quer pôr qualquer entrave à entrada desses imigrantes: “Venham que depois logo se verá”. E o que se tem visto não é bonito. Depois, os tais “zombies” esquerdistas queixam-se das “sevícias” infringidas e dos amontoados promíscuos que proliferam em habitações sem condições. Quando acontecem os inevitáveis desastres, perdem o tino e vêm para a praça pública armar-se ao pingarelho, esgrimindo argumentos risíveis e de carpideiras ideológicas.
4 - O paradoxo da situação é que Portugal “exporta” jovens qualificados e recebe, pelo contrário, muita gente sem formação e sem qualificações. O saldo é manifestamente negativo na balança do emprego e na rentabilidade sócio-económica. Um país que não é capaz de gerar empregos de qualidade e vê partir os seus jovens, revoltados e desiludidos, é um país adiado, mal governado e sem hipóteses de dar o desejado salto no desenvolvimento.
A imigração, como ponto final, quando ao serviço das actividades económicas e na reposição da malha social, tem um papel fulcral no futuro deste país tremendamente envelhecido e empobrecido.
Autor: Armindo Oliveira