São bem conhecidos os benefícios com a prática de atividade física e desporto a nível individual, assim como o impacto positivo na economia, nomeadamente na redução com os gastos na saúde.
Um estudo da Deloitte de 2022 realizado em Portugal, concluiu que a inatividade física gera um custo de quase um bilião de euros aos nossos serviços de saúde. Este estudo, apontou ainda que o absentismo no trabalho por motivos de doença custa à economia do país mais de 1,5 biliões de euros por ano.
O Eurobarómeto sobre a prática de atividade física, divulgado em 2022, diz-nos que apenas cerca de 25% da população portuguesa afirma estar ativa com regularidade, quando a Organização Mundial de Saúde, para a população adulta, recomenda entre 150 a 300 minutos de atividade física moderada por semana, obtendo-se benefícios significativos na melhora da circulação sanguínea, diminuição dos riscos de problemas cardíacos, reduz a pressão sanguínea e os níveis de colesterol no sangue, combate a diabetes, entre outros.
Como mudar este paradigma em benefício de todos (do país) e de cada um? Existem algumas estratégias que podem ser implementadas para aumentar a taxa de participação desportiva, mas que não estão a ser devidamente trabalhadas e divulgadas, pelo menos planeadas do ponto de vista estratégico a nível nacional, a saber:
- Melhorar a comunicação da oferta de instalações desportivas e detetar novas necessidades: para incentivar mais pessoas a praticar atividade física, é importante ter instalações desportivas adequadas e acessíveis em todo o país, nomeadamente nos centros urbanos. Isso pode incluir a construção de novas instalações desportivas, a melhoria das já existentes e criar boas condições de mobilidade nas cidades, quer pedestres quer cicláveis.
- Oferecer incentivos fiscais: criar taxas reduzidas de impostos na inscrição em serviços de atividade física e desporto, materiais e equipamentos desportivos. Esta questão pode tornar a atividade física mais acessível para pessoas de todas as faixas etárias e classes sociais (alguns países europeus aumentaram a taxa de atividade fisica entre 3 e 5% apenas com esta estrategia).
- Organizar melhor os programas de desporto escolar e de educação física: pelos dados disponíveis sobre a prática desportiva anterior e atual da nossa população, conclui-se facilmente que estes programas não estão a criar hábitos de prática desportiva e a longo prazo (temos que mudar se não funciona).
- Melhorar o enquadramento legal, dando a cada sub-sistema a responsabilidade efetiva e clara de desenvolvimento desportivo no seu setor e que este esteja em completa articulação com todos os outros (qual, quando e que formação desportiva na “escola” e no clube, papel do ensino superior, enquadramento para as autarquias, o que fazer com o tempo “livre” no mundo do trabalho, etc.)
- Promoção e divulgação: Como comunicar o desporto de forma global? como ajudar a divulgar o desporto, as suas práticas, modalidades e atores? com que meios e qual o papel da TV e órgão de comunicação do Estado? (que esqueceu quase por completo esta área).
São apenas 5 áreas que com algum trabalho e atenção poderiam melhorar, e muito, as nossas estatísticas de um país da atividade física ainda (e muito) parcialmente adiada.
Autor: Fernando Parente